A Polícia Federal (PF) apresentou nesta terça-feira, 25, laudos que comprovam que a voz da gravação da suposta “rachadinha” no gabinete de André Janones (Avante-MG) pertence ao deputado. Além disso, o delegado Roberto Santos Costa afirmou que a PF fará algumas oitivas e pretende, em seguida, finalizar o inquérito. O caso está sob relatoria do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar.
O documento, com 34 páginas, explica a metodologia usada pelos peritos. Eles compararam o arquivo de áudio que foi divulgado pela imprensa no final do ano passado com três gravações do deputado e concluíram, ao final da análise, que “o resultado obtido (evidência) é muito mais plausível na hipótese de o locutor do material padrão ser a fonte das falas questionadas do que na hipótese de essa fonte ser outro locutor da população de referência”. A escala utilizada pelos peritos vai até o nível de certeza +4 e a conclusão apresentada nesta terça é de que a compatibilidade com a voz de Janones está no nível +3.
Junto com esse laudo há um segundo documento em que os peritos da corporação analisaram a outra voz do registro, que seria, em tese do ex-assessor de Janones, Alisson Alves Camargos. No entanto, o grau de certeza dos experts foi bem menor, classificado como +2 na escala. Para a perícia, é “moderadamente mais plausível” que a voz da gravação seja do antigo assessor, e não de uma outra pessoa.
Janones nunca negou que seja sua a voz da gravação, mas afima que o registro que o incrimina foi confeccionado de forma clandestina e diz ser inocente diante da acusação de que houve a “rachadinha”. A prática, na qual os assessores devolvem ao chefe parte dos seus salários, é bastante comum em gabinetes políticos, mas é considerada uma modalidade de desvio de dinheiro público.
Câmara livrou Janones
Além da investigação na Polícia Federal, Janones foi alvo de um pedido de cassação na Câmara dos Deputados. No entanto, o processo foi arquivado. A maioria dos membros do Conselho de Ética da Casa acolheu o parecer do relator Guilherme Boulos (PSOL-SP), que entendeu que o áudio poderia não pertencer à última campanha de Janones. O deputado disse, na sua defesa, que a gravação é de 2016, de quando ele foi derrotado na dispta pela prefeitura de Ituiutaba, em Minas, e por isso não teria vínculo com o seu mandato na Câmara.
A suspeita dos investigadores da PF, contudo, é de que ela seja de 2019, quando Janones estava começando seu primeiro mandato como deputado federal.