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Brasil tem 59% da população acima do peso, mas apenas 11% com diagnóstico

Pesquisa do Instituto Datafolha traz perfil sobre obesidade e sobrepeso no país; endocrinologista destaca importância de medição do IMC

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 ago 2024, 11h15
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  • O avanço do sobrepeso e da obesidade é uma realidade não só no Brasil, mas no mundo, e demanda um olhar cada vez mais atento de médicos de diferentes especialidades para detectar a condição precocemente. É o que se pode concluir a partir de uma nova pesquisa do Instituto Datafolha que mostrou que 59% dos brasileiros estão acima do peso, mas apenas 11% têm um diagnóstico formal, um abismo que pode atrasar medidas para controle do peso e levar ao aparecimento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

    Para a pesquisa “Meu Peso, Minha Jornada”, foram entrevistadas 2.012 pessoas de todo o Brasil com idade média de 43 anos que, além de responder um questionário, informaram peso e altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). O levantamento foi feito em parceria com a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

    “Os médicos não pesam nem medem os seus pacientes e isso acontece principalmente com as pessoas com sobrepeso”, diz o endocrinologista Bruno Geloneze, membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

    Segundo o especialista, que também é professor e pesquisador da Universidade de Campinas (Unicamp), o levantamento reforça a importância do IMC como um parâmetro para avaliação da saúde que deveria ser incorporado ao dia a dia.

    “Se a pessoa vai ao endocrinologista, o médico mede e pesa, porque as pessoas chegam com queixa relacionada ao peso. Mas há pacientes que vão ao gastroenterologista com refluxo, tomam remédio para este problema e não recebem tratamento para sobrepeso e obesidade. Tratam apenas um sintoma”, exemplifica. “O IMC precisa ser tratado como um dado vital e ser coletado em oportunidades como a consulta de rotina e o exame periódico.”

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    Problemas de saúde

    A pesquisa mostrou a existência de um contraste entre a percepção do brasileiro sobre a própria saúde e as reais condições. Na autoavaliação, 64% dos participantes disseram que tinham a saúde “boa” ou “muito boa”. No entanto, o índice de pessoas que afirmaram não ter doenças crônicas, como pressão alta, colesterol alto ou problemas nas articulações, foi de 51%.

    No recorte entre as pessoas que vivem com sobrepeso e obesidade, a diferença foi de 19 pontos percentuais, com 61% classificando a saúde como boa e 42% declarando não ter problemas de saúde.

    “Esse desencontro é preocupante, especialmente porque, no Brasil, cerca de 74% dos óbitos estão relacionados a doenças associadas à obesidade”, disse, em nota, Thais Emy Ushikusa, médica e gerente de obesidade da Novo Nordisk no Brasil. “Essa percepção de boa saúde em indivíduos com doenças relacionadas pode resultar na falta de busca por cuidados médicos necessários, agravando as condições de saúde relacionadas e impactando negativamente a qualidade de vida”, completa.

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    Vontade de perder peso

    A pesquisa apontou que mais da metade dos brasileiros que vive acima do peso quer emagrecer: entre os que apresentam IMC acima de 24,9, que indica sobrepeso, 67% expressaram esse desejo. O número sobe para 82% na população com IMC acima de 29,9, quadro de obesidade.

    Mesmo com a grande circulação nas redes sociais sobre as novas classes de medicamentos indicados para a obesidade e o uso incorreto de remédios para diabetes 2 para este fim, como ocorre com o Ozempic, a vontade de tomar remédios para emagrecer foi relatada por apenas 4% dos entrevistados.

    “Em relação ao método adotado para perder peso, 73% citaram programa de exercício e 59% falaram mudança de dieta”, detalha Geloneze. Ele afirma que as práticas são fundamentais para alcançar o objetivo, mas o tratamento medicamentoso pode ser indicado para alguns pacientes.

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    “Ainda tem muito estigma sobre a obesidade e a ideia de que as pessoas só vão emagrecer com muito esforço. Há muita culpa. Os médicos precisam mostrar que  o uso de medicamento é para viabilizar o projeto de mudança de estilo de vida”, finaliza.

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