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Israel já conhecia plano de ataque do Hamas há mais de ano, diz NYT

Documentos e e-mails revisados pelo jornal americano indicam que autoridades israelenses subestimaram capacidades do grupo e ignoraram alertas

Por Da Redação
1 dez 2023, 10h12
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  • O governo de Israel sabia da estratégia do grupo terrorista palestino Hamas para o brutal ataque de 7 de outubro mais de um ano antes da invasão ocorrer, revelou uma reportagem do jornal americano The New York Times nesta sexta-feira, dia 1º. Com base na revisão de documentos, e-mails e entrevistas traduzidos, o veículo afirmou que autoridades militares e de inteligência israelenses subestimaram as capacidades dos terroristas e consideraram que eles não conseguiriam colocar seu plano em prática.

    Um dos principais documentos analisados, que, segundo o Times, os israelenses identificaram como “Muralha de Jericó”, detalhava, em 40 páginas, a invasão que levou à morte de 1.200 pessoas nas comunidades do sul de Israel, além do sequestro de outras 240. Apesar de não estabelecer uma data específica para a operação, o relatório revisado pelo jornal americano descrevia um atentado metódico muito parecido com o que ocorreu no dia 7 de outubro, incluindo medidas para sobrecarregar as defesas israelenses ao redor de Gaza, além de invadir cidades e bases militares.

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    O documento também planejava uma salva de foguetes no início do ataque, como os disparos que ocorreram na madrugada do fatídico sábado 7, que alguns registros chegam a calcular terem sido 500 projéteis. O plano descrevia ainda o uso de drones para desativar câmeras de segurança na Iron Wall, o muro high-tech que cerca o enclave palestino. Além disso, detalhava que um exército de combatentes armados entraria em Israel com parapentes, motocicletas e a pé, o que de fato aconteceu.

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    Hamas subestimado

    A papelada também tinha informações precisas sobre a localização e o poderio das forças militares israelenses, centros de comunicação e outros dados que deveriam ser confidenciais. Não se sabe como o Hamas obteve esses conhecimentos, mas isso reforça questionamentos feitos desde 7 de outubro sobre possíveis vazamentos.

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    De acordo com o Times, o “Muralha de Jericó” circulou entre líderes militares e de inteligência israelenses de forma ampla. No entanto, eles avaliaram que um ataque dessa escala e ambição estava além das capacidades do Hamas. Já no ano passado, autoridades da divisão de Gaza do Exército israelense, responsável pelo controle da fronteira com o território palestino, disseram que as intenções do grupo terrorista eram incertas.

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    “Ainda não é possível determinar se o plano foi totalmente aceito e como ele se manifestará”, disse uma avaliação militar obtida pelo Times.

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    Ainda segundo o jornal americano, não está claro se o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, ou seu gabinete sabiam do documento.

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    Rastros do conhecimento prévio

    Em julho deste ano, três meses antes da invasão do Hamas, uma analista da Unidade 8200, agência de inteligência de sinais de Israel, comunicou que o Hamas havia realizado um intenso exercício de treinamento de um dia, semelhante ao que estava descrito no plano. De acordo com e-mails obtidos pelo Times, porém, um coronel da divisão de Gaza ignorou o alerta, apesar dos apelos da analista.

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    “Refuto totalmente que o cenário seja imaginário”, escreveu ela, acrescentando que o exercício do Hamas era muito próximo “ao conteúdo da Muralha de Jericó”.

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    “É um plano projetado para iniciar uma guerra. Não é apenas um ataque a uma vila”, argumentou a analista.

    As autoridades não revelaram ao Times como obtiveram o documento “Muralha de Jericó”, nomeado em homenagem às antigas fortificações na Cisjordânia moderna, uma das várias versões de planos de ataque coletados ao longo dos anos.

    Responsabilidade

    A agência de segurança e inteligência de Israel, Shin Bet, já reconheceu suas falhas em proteger o país. Embora Netanyahu não o tenha dito com todas as letras, espera-se que o governo crie uma comissão para investigar o fracasso em prever e conter os ataques.

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    Segundo a revisão feita pelo Times de documentos e e-mails, as falhas ocorreram devido à crença de que o Hamas não era nem capaz, nem ousado o suficiente, para atacar Israel.

    Israel também errou ao interpretar as ações mais recentes do grupo terrorista. Nos últimos anos, o Hamas negociou a obtenção de permissões para que milhares de palestinos que moram na Faixa de Gaza trabalhassem em Israel, o que foi visto como um sinal de redução de conflitos.

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