A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou no final da tarde desta terça-feira, 29, que autuou 176 caminhões que descumpriam, segundo a corporação, a decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a livre circulação das carretas pelas rodovias do país.
O número foi apresentado pela PRF e o Ministério da Defesa, durante mais uma rodada de balanços sobre o impacto da greve dos caminhoneiros na estradas.
De acordo com a autoridade rodoviária, as informações sobre os caminhoneiros autuados foram enviadas à Advocacia-Geral da União, que verificará as características de cada motorista e encaminhará para o STF a execução da decisão judicial: 100 mil reais de multa por hora de paralisação para os veículos que pertencem a transportadoras, e 10 mil reais por hora para os veículos de caminhoneiros autônomos.
Nesta última atualização, também foi informado que ainda existem 616 pontos de concentração de caminhoneiros nas estradas, todos eles parados nos acostamentos ou nos pátios de combustíveis à espera de uma escolta policial. “Estamos convencendo os motoristas que têm receio de seguir viagem que lhes daremos segurança”, afirmou o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho.
Desde ontem, líderes grevistas da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirmaram que “forças ocultas” infiltradas nas paralisações têm forçado e ameaçado os caminhoneiros a manterem a greve.
Para contornar o problema, a estratégia do governo foi criar corredores de segurança, com escoltas da polícia e das Forças Armadas conduzindo os motoristas em segurança. No total, de acordo com o Ministério da Defesa, hoje existem seis corredores desse tipo, e o objetivo é abrir mais três nesta quarta-feira, 30.
“A escolta abre o caminho do corredor e vai avisando aos motoristas parados nas estradas que é seguro seguir viagem”, disse Ademir Sobrinho. “Hoje tivemos um comboio com 250 caminhões em Rondonópolis”, afirmou.
Apesar da segurança oferecida pelos comboios, confrontos foram registrados pela PRF. Em uma cidade localizada no interior do Maranhão (o governo não disse qual município exatamente), sete pessoas foram presas por tentar impedir a circulação das carretas. Outros enfrentamentos com as forças de segurança foram registrados nesta terça-feira, 29, em Barra Mansa, e em Seropédica, no interior do Rio de Janeiro, e nas proximidades da capital Rio Branco, no Acre.
No momento, de acordo com o governo, ainda existem três bloqueios totais de rodovias no país – em Minas Gerais, Distrito Federal e Ceará -, mas nenhum deles é provocado pelos caminhoneiros. Informações da inteligência da PRF apontam que as manifestações são feitas por pessoas alheias ao movimento. “A população tem muitos anseios e utiliza este momento para bloquear alguns lugares e fazer suas manifestações”, disse Célio Constantino, corregedor da PRF.
De acordo com Constantino, o número de pontos de manifestação têm aumentado nos últimos dias, devido a essa pulverização de protestos que não têm relação com o movimento grevista dos caminhoneiros. “Mas são paralisações muito cíclicas, que se formam e se dissipam rápido, principalmente próximas às cidades”, afirmou.