Jair Bolsonaro, ex-presidente da República que teve seus direitos políticos cassados, falou aleivosias a jornalistas na sexta, 30, durante o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral.
Em Belo Horizonte para acompanhar o velório do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli e se reunir com apoiadores do Partido Liberal, Bolsonaro deu entrevista enquanto o placar ainda estava 4 a 1.
Já calculando que o resultado seria 5 a 2 – o que de fato foi -, o líder da extrema-direita tentou se mostrar otimista, mas com as ironias e críticas às instituições de praxe.
Disse acreditar que essa seja a primeira condenação de um político por abuso de poder, frisando que o crime cometido por ele havia sido “sem corrupção” (Emoji com o olho para cima).
Bolsonaro aproveitou também para criticar o TSE e sua atuação durante o último processo eleitoral. Relembrou que o tribunal o impedira de fazer lives (aquelas transmissões que espalhavam fakenews) “em sua residência”, esquecendo que o Palácio da Alvorada é um prédio público, da sociedade brasileira.
Sobre o 8 de janeiro (ato que foi estimulado por ele durante todo seu mandato), disse que “ninguém quer dar golpe com senhorinhas e senhorzinhos com a bandeira do Brasil nas costas” e completou: “quem fala em golpe é analfabeto político”.
Não, não é Bolsonaro!
As Forças Armadas – em parte, hoje, um braço armado do bolsonarismo – já deram o golpe no passado “pelo povo na rua, povo de verdade, pais, mães, igreja” para se defender da “ameaça do comunismo”, o que não era real.
O que Bolsonaro – esse mesmo que nega toda a ciência política contemporânea sobre regimes de exceção no mundo ao defender que, entre 1964 e 1985, o Brasil não teve uma ditadura – queria era outro. Outro golpe!
Quando questionado sobre a possibilidade de entrar com recurso, respondeu: “meu recurso é no STF”, relembrando com gestos o que ele pensa das instituições.
Por fim, sobre seu futuro na política, afirmou não estar morto. Deixou claro que já pensa nas próximas eleições e que continuará atuando nos bastidores. Tanto é verdade que eu já saiu de lá para se reunir com a direção do PL.
Bolsonaro pode ter sido condenado, perdido os direitos políticos, mas o bolsonarismo – movimento radical de extrema-direita comandando por ele – não vai acabar tão cedo.
Ainda mais com um líder maléfico como esse!