A nova decisão de Alexandre de Moraes que cala a boca de Bolsonaro
Ministro determina bloqueio de contas de partido da extrema-esquerda
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar o bloqueio das contas do Partido da Causa Operária (PCO) em redes sociais mostra que a atuação do magistrado é puramente técnica e não tem nada a ver com perseguição, como o presidente Jair Bolsonaro quer fazer parecer.
A determinação deixa claro que, para Moraes, não importa de que lado venham os ataques. A preocupação do ministro é com a democracia e o Estado de Direito.
Nos últimos meses, o PCO, partido de extrema esquerda que apoia a candidatura de Lula à presidência, adotou a mesma pauta da extrema direita que defende o fechamento do STF e ataca a democracia.
Embora estejam em lados políticos opostos, o PCO e o bolsonarismo têm discursos muito semelhantes quando o assunto é fake news e atos antidemocráticos. Os dois grupos também decidiram atacar Alexandre de Moraes com a mesma intensidade simplesmente porque o ministro tem feito seu trabalho.
Nas manifestações de 7 de setembro de 2021, por exemplo, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de canalha. “Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro”, disse o presidente.
Nas redes sociais, o PCO também atacou o ministro e o chamou de “skinhead de toga”.“Em sanha por ditadura, skinhead de toga retalha o direito de expressão, e prepara um novo golpe nas eleições. A repressão aos direitos sempre se voltará contra os trabalhadores! Dissolução do STF”, escreveu o partido no Twitter.
Os dois grupos também levantam suspeitas sobre a transparência do processo eleitoral e o funcionamento das urnas eletrônicas.
“Um general no TSE é mais um indicativo da fraude eleitoral que a burguesia prepara para impedir o retorno de Lula ao governo. É preciso lutar contra o STF, os militares e todos os golpistas, por Lula presidente e um governo dos trabalhadores”, escreveu o PCO no Twitter.
O presidente também tem diversas falas que insinuam que há fraude nas urnas. Em um dos episódios mais recentes, ele colocou em dúvida a isenção do ministro Edson Fachin e sugeriu que o magistrado ajudou o narcotráfico.
“É justo, meus senhores, o ministro Fachin, que tirou Lula da cadeia, estar à frente do processo eleitoral?”, questionou Bolsonaro.
Os dois grupos também justificam seus ataques em nome da “liberdade de expressão”. Fazem acusações sem provas e incitam seus seguidores a manterem esse discurso ofensivo.
As semelhanças não param por aí. Exatamente como fazem o presidente e seus apoiadores, o PCO continuou os ataques mesmo depois da decisão de Moraes determinando o bloqueio das contas do partido em redes sociais.
No site do PCO, por exemplo, um texto com o título “STF: muito pior do que censura” critica a decisão de Moraes.
“O que está muito claro, é que Alexandre de Moraes está mirando a existência do próprio PCO enquanto partido, um partido devidamente legalizado, é importante que se diga, do qual tentará cassar o registro. E se isso se concretizar, toda a esquerda, inclusive o PT, o maior partido do País estará sob ameaça”, informa a legenda.
Moraes está lutando contra uma narrativa que faz parte da extrema direita e da extrema esquerda brasileira. É preciso frear os impulsos de quem acha que as redes sociais são um espaço sem lei e que é possível fazer ataques infundados em nome de uma falsa liberdade de expressão.