Na última quinta-feira, 29, a Polícia Federal indiciou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto por suspeitas de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a investigação, ambos teriam atuado para inserir documentos falsos no banco de dados do Judiciário, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A quebra de segurança relatada pela PF ocorreu no início de 2023, dias antes dos atentados de 8 de janeiro que depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília. De acordo com o relatório, Zambelli e Delgatti cometeram diversas vezes os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica – a ordem de prisão fictícia contra Moraes continha a assinatura do próprio ministro.
A próxima etapa do processo legal é o envio do relatório da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se existem indícios suficientes para abrir uma denúncia formal contra os indiciados. Caso isso aconteça, o caso será julgado pelo STF no âmbito das investigações sobre atos contra a democracia e tentativa de golpe de Estado, que têm Moraes como relator na Corte.
Ataques às urnas eletrônicas
A incursão contra os sistemas do CNJ não é a única suspeita que paira sobre Zambelli e Delgatti. Em fevereiro do ano passado, o próprio hacker revelou a VEJA que a deputada o havia contratado em 2022 para colaborar com o plano bolsonarista de descredibilizar o sistema eleitoral com ataques às urnas eletrônicas.
Segundo Delgatti, a parlamentar articulou diversos encontros entre ele, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e representantes das Forças Armadas ao longo de 2022. Na pauta das reuniões, estavam maneiras de forjar falhas de segurança nas urnas para cancelar as eleições presidenciais ou invalidar seus resultados.
Outro esquema envolvendo os dois indiciados pela PF, também relatado por Delgatti, seria a instalação de um grampo ilegal nas comunicações de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para interceptar qualquer declaração que pudesse colocar em xeque o pleito de 2022. A ideia era que o hacker assumisse a responsabilidade por uma escuta implantada no ministro sob garantia de que, nas suas próprias palavras, o ex-presidente “limparia a sua barra” posteriormente.