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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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O que é o inquérito citado por Bolsonaro que teria ‘páginas horripilantes’

Investigação de 2018 sobre ataques às urnas eletrônicas não apontou nenhuma fraude, mas o seu vazamento fez ex-presidente se tornar alvo de apuração no STF

Por Isabella Alonso Panho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 nov 2024, 13h13 - Publicado em 26 nov 2024, 12h58
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  • Jair Bolsonaro disse em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, 25, quando tentou se defender do indiciamento pela Polícia Federal sobre a sua participação em uma trama para um golpe de estado em 2022, que haveria “páginas horripilantes” sobre o processo eleitoral brasileiro no inquérito nº 1.361/2018, que tramita em sigilo no Supremos Tribunal Federal (STF). Falando aos jornalistas, o ex-presidente desafiou autoridades e a própria imprensa a revelar o conteúdo da investigação.

    A declaração de Bolsonaro viralizou entre os seus apoiadores na internet, inclusive entre parlamentares como os deputados Mario Frias (PL-SP) e Júlia Zanatta (PL-SC), que repercutiram o desafio do ex-presidente. O que ninguém disse é que o inquérito, que investigava tentativas de fraudar o sistema eletrônico de votação, não apontou nenhuma fraude e que o próprio Bolsonaro passou a ser investigado, também no STF e pela PF, por ter vazado na internet o conteúdo desse inquérito em 2021.


    A investigação de 2018 foi aberta com o objetivo de apurar a possibilidade de que as eleições daquele ano tivessem sido fraudadas — na época, Bolsonaro defendeu que havia ganhado a Presidência ainda no primeiro turno. No entanto, nada foi encontrado. O questionamento do sistema eleitoral sempre foi usado pelo ex-presidente como bandeira política e acabou lhe custando a elegibilidade, pois, em junho de 2023, a Justiça Eleitoral o condenou pelos ataques feitos às urnas perante embaixadores do mundo todo em uma reunião no Palácio do Planalto.

    Em 2021, o inquérito nº 1.361/2018 foi vazado.  O episódio rendeu a Bolsonaro e ao deputado federal Filipe Barros (PL-PR) a abertura de um novo inquérito, no STF, por conta da divulgação de dados sigilosos. Essa nova investigação, o inquérito nº 4.878, também está em sigilo, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Quando Augusto Aras estava à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), ele chegou a pedir o arquivamento da investigação, mas o relator não aceitou o pedido. Na época, Moraes disse que a manifestação do PGR foi apresentada fora do prazo e nem chegou a analisar o seu mérito.

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    Na tentativa de colocar confusão na discussão sobre o seu indiciamento, Bolsonaro “ressuscitou” o inquérito 1.361/2018 para tentar novamente jogar suspeita sobre as urnas eletrônicas, uma velha obsessão sua e de seus apoiadores, principalmente na eleição de 2022. Questionado por jornalistas sobre  os ataques à segurança das urnas eletrônicas que resultaram na sua inelegibilidade, Bolsonaro pontuou que é defensor do voto impresso desde 2012, ainda enquanto parlamentar. “Vários parlamentares apresentaram emendas [sobre voto impresso]. Tornar alguém inelegível porque critica o sistema eleitoral não tem cabimento, parece que aqui é a Suíça”, declarou.

    Golpe de estado

    Na mesma coletiva da última segunda-feira, Bolsonaro negou ter planejado um golpe de estado após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022 e associou as investigações contra ele a uma “perseguição política” em razão de suas críticas às urnas eletrônicas. “A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário”, afirmou em entrevista coletiva na noite de segunda-feira, 25. Ele admitiu ter discutido a possibilidade de decretar estado de sítio no Brasil durante seu governo, mas acrescentou que “descartou-se” a ideia após avaliar que seria inviável “dentro das quatro linhas da Constituição”.

    Também ressaltou que o plano de matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que, segundo a PF, mobilizou alguns de seus mais próximos auxiliares nunca se materializou e, por isso, não pode ser considerado crime — mesma tese que seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), já havia defendido. O ex-mandatário do Planalto insinuou que o caso “foi jogado” contra ele para enquadrá-lo na Justiça. “Não cola isso daí. No meu entender, nada foi iniciado. Não podemos começar agora a querer punir um crime de opinião“, declarou Bolsonaro.

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    O ex-presidente rechaçou, ainda, a viabilidade de um golpe de estado com “general da reserva e mais meia dúzia de oficiais” — referindo-se aos militares acusados pela PF de arquitetar a tomada de poder e o assassinato de Lula. “Golpe de estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe”, declarou.

    Bolsonaro reforçou ainda que falar em golpe é uma “loucura” e que a hipótese traria graves repercussões internacionais contra o Brasil. “Vamos supor até que eu fizesse essa loucura. Como é que fica o Brasil no dia seguinte? O mundo levantaria barreiras contra a gente, vira um inferno aqui”, afirmou.

    O ex-presidente disparou, ainda, críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que investigam ataques contra a democracia em seu governo. “A mesma pessoa faz tudo e, no final, vota para condenar quem quer que seja”, criticou Bolsonaro, alegando que o ministro conduz os processos de forma “leviana”.

     

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