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As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.
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Vinhos jovens portugueses da Bairrada são ideais para o bacalhau de Páscoa

Produzidos por uma família envolvida no negócio há 350 anos, eles foram feitos a pedido do filho do enólogo para cair no gosto do público jovem

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 9 Maio 2024, 10h59 - Publicado em 27 mar 2024, 21h29
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  • Portugal está em alta: é hoje o segundo país de onde o Brasil mais consome vinhos, depois do Chile. Recentemente, a nação europeia desbancou por aqui a Argentina, que era a medalha de prata nesse ranking. Para além dos investimentos, os rótulos lusitanos também vivem uma ótima fase. Os brancos do Alentejo são vibrantes, a produção de Lisboa está na moda e os tintos do Douro e do Dão esbanjam potência e elegância. Ainda relativamente pouco conhecida por aqui é a região da Bairrada, que fica entre as cidades  do Porto e Coimbra. No passado, ela foi cenário de batalhas entre cristãos e árabes. Hoje, é território onde se faz vinhos extremamente gastronômicos e com potencial de guarda de décadas.

    Apesar de ser uma região bastante apegada à sua história e às suas tradições, é de lá que Casimiro Gomes, um dos mais inovadores enólogos do país, defensor dos vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada) pela qualidade e identidade de terroir, natural de uma família de viticultores que produzem há 350 anos na região, traz uma novidade revolucionária, aos olhos dos ainda conservadores produtores daquela região: vinhos jovens, com pouca ou nenhuma madeira e bom custo-benefício (podem ser encontrados no Brasil por pouco mais de 100 reais). “Meu filho Francisco, que está comigo no projeto, disse que os jovens não desenvolviam o gosto pela música pela clássica. Por isso, a entrada para esse universo tinha que ser com algo de qualidade, mas com menos complexidade”, contou Casimiro à coluna AL VINO. Ele entendeu a mensagem e, assim, transplantada a mesma lógica para o mundo dos vinhos, nasceu o projeto Regateiro, uma homenagem a seu avô, Manuel Regateiro, que produzia a própria bebida e ensinou o neto a apreciar um bom vinho.

    vinho
    Casimiro e Francisco: vinhos com pouca ou nenhuma madeira (Divulgação/VEJA)

    Os rótulos nascidos dentro do projeto refletem o terroir da Bairrada. São frescos, porque as vinhas recebem influência do Atlântico, que está há cerca de 30 quilômetros dali — e têm equilíbrio característico entre acidez, frescor e açúcar. Assim, são perfeitos para acompanhar o leitão ou o bacalhau à lagareira, que na época da juventude de Casimiro era assado nas brasas do lagar, onde se produzia o azeite da família.

    A uva autóctone da região é a Baga, presente em todos os tintos. Casimiro desenvolveu uma técnica especial para lidar com ela, que é difícil de manejar. Ele não arranca suas folhas para que seus cachos maturem à sombra e os pequenos bagos que não cabem no cacho, amadureçam ao sol, sofrendo uma leve passificação (ficam como uvas passas). O resultado na hora da vinificação é surpreendente, com o vinho ganhando em complexidade.

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    Entre a família Regateiro há um vinho em homenagem à mãe de Casimiro, Anita, que reclamou ao filho que os vinhos atuais eram muito alcoólicos. Então, em homenagem a ela, ele criou o Regateiro Vinha d’Anita, fruto de vinhas de cerca de 40 anos, 100% Baga, com 8 meses de barricas de carvalho francês e 12,5% de gradação alcoólica. Um esplendor com potencial de guarda de 10 anos. Esse é o único exemplar da família de vinhos que leva leveduras indígenas, porque o vinicultor quis reproduzir aqueles produzidos por seus ancestrais.

    Sobre a boa fase dos vinhos portugueses,  Casimiro conta que isso é reflexo de um novo movimento. “Atualmente, os viticultores e enólogos trocam mais, estamos compartilhando informação. Há também entrada de muitas mulheres no setor o que trouxe mais complexidade para nós”, diz. Ele mesmo foi um dos incentivadores de uma maior flexibilização do DOC Bairrada, “era isso ou morreríamos”.

    Considerando-se os 26 milhões de litros de vinhos portugueses consumidos no Brasil em 2023, certamente as novas invenções da família terão vida longa por aqui!

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    Abaixo, os vinhos da família Regateiro que podem ser encontrados por aqui:

    – Regateiro Jr Bairrada DOC R$ 134 branco, das uvas Arinto, Bical e Maria Gomes (Fernão Pires) 5 anos de guarda

    – Regateiro Jr Bairrada DOC R$ 134 tinto, das uvas Pinheira, Tinta Amarela, Touriga Nacional, Baga e Tinta Roriz. 6 anos de guarda

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    – Regateiro Reserva R$ 236 tinto, uvas Baga e Touriga Nacional – 8 meses de carvalho francês

    – Regateiro Vinha d’Anita R$ 556 tinto, 100% Baga, fermentação com maceração prolongada, 8 meses de carvalho francês e 12,5% álcool

     

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