E se a melhor forma de emagrecer fosse consumir mais gorduras e proteínas, e menos carboidratos? É o que defende a dieta cetogênica, que, de acordo com um artigo publicado recentemente no periódico científico Harvard Health Publications, promete ser mais eficiente na perda de peso, segundo informações da rede britânica BBC.
Gordura e proteína
“A perda de peso é a principal razão pela qual meus pacientes usam a dieta”, disse Marcelo Campos, professor da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, em seu artigo. “Há uma perda de peso mais rápida quando os pacientes seguem uma dieta cetogênica, ou muito baixa em carboidratos, em comparação com quem segue uma dieta mais baixa em gordura tradicional, inclusive uma dieta mediterrânea.”
O regime inclui alimentos ricos em gorduras e proteínas, como carnes, peixes, ovos, queijos, nozes, sementes e verduras fibrosas e funciona da seguinte maneira: sem os carboidratos como fonte de energia, o corpo passa a utilizar a gordura armazenada em moléculas, os corpos cetônicos – que dão nome à dieta – , para se manter.
“Essa mudança, do açúcar que circula no sangue para a decomposição da gordura armazenada, geralmente ocorre de dois a quatro dias limitando a ingestão de carboidratos entre 20 e 50 gramas diários”, explicou Campos. No entanto, esse processo pode variar de pessoa para pessoa.
Dieta como tratamento
Apesar da nova moda, segundo o médico, a dieta é utilizada como tratamento na medicina há quase 100 anos. Em um estudo anterior, publicado em 2008 na revista científica The Lancet Neurology, a intensidade de ataques epilépticos em crianças e adolescentes, resistentes aos medicamentos, foi reduzida em dois terços depois de adotarem a dieta, segundo informações da rede BBC.
Devido aos supostos benefícios neurológicos da dieta cetogênica, questões foram levantadas sobre seus possíveis efeitos em outras doenças cerebrais, como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, distúrbios do sono, autismo e até mesmo câncer.
Riscos a longo prazo
Seu efeito a longo prazo, entretanto, é desconhecido. Uma das maiores críticas sobre a dieta é que muitas pessoas que a adotam tendem a comer muito mais proteínas e gorduras de baixa qualidade, como carnes processadas, e poucas frutas e vegetais – o que não é o ideal para a saúde.
No artigo, o médico cita um estudo em que pacientes com diabetes tipo 2 mostraram um melhor controle da glicose após aderirem à dieta cetogênica. Ainda, outra pesquisa mostrou que pacientes com problemas de colesterol, apesar de indicarem um aumento dos níveis no começo da dieta, perceberam uma redução alguns meses depois. No entanto, esses estudos não observaram os resultados por um longo período de tempo.
“Não sabemos de seus efeitos em longo prazo, provavelmente porque é difícil permanecer alimentando-se dessa forma por muito tempo. Também é importante lembrar que as ‘dietas iô-iô’, que levam a uma rápida flutuação da perda de peso, estão associadas ao aumento da mortalidade.”, disse Campos.
Novas dietas
No início da nova alimentação, algumas pessoas podem se sentir um pouco cansadas, enquanto outras podem observar um aumento de mau hálito, náuseas, vômitos, constipação e problemas de sono. Além disso, pacientes com doenças renais precisam ser ainda mais cautelosos, pois esse tipo de dieta pode piorar a condição.
Segundo Campos, é importante consultar o médico antes de começar um regime. “Em vez de começar a seguir a próxima dieta da moda por algumas semanas ou meses, trate de se envolver em uma mudança que seja sustentável em longo prazo. Uma dieta equilibrada – sem alimentos processados, rica em frutas e verduras, carnes magras, pescados, alimentos integrais, nozes, sementes, azeite de oliva e muita água – parece ter a melhor evidência de uma vida longa, saudável e vibrante.”