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Peixes podem ser a resposta para um mundo mais sustentável

Estudo expõe como uma dieta de frutos do mar é mais vantajosa do que a pecuária e o vegetarianismo como fonte de nutrientes e menos emissão de gases

Por Diego Alejandro
15 set 2022, 14h59

A substituição da carne por certos tipos de frutos do mar de origem sustentável pode ajudar as pessoas a reduzir suas pegadas de carbono sem comprometer a nutrição, segundo uma análise de dezenas de espécies marinhas que são consumidas em todo o mundo.

Um estudo, publicado em 8 de setembro na Communications Earth & Environment, sugere que bivalves cultivados – moluscos como mexilhões, amêijoas e ostras – e peixes selvagens, pequenos e de superfície (pelágicos), que incluem anchovas, cavala e arenque, geram menos emissões de gases de efeito estufa e são mais densos em nutrientes do que as carnes bovina, suína ou de frango.

“A pesquisa teve como objetivo fazer um trabalho melhor para entender os impactos climáticos dos frutos do mar através das lentes de qualidades nutricionais muito diversas”, diz o coautor Peter Tyedmers, economista ecológico da Dalhousie University em Halifax, no Canadá.

Os resultados ecoam de estudos anteriores, incluindo o trabalho de membros do grupo de Tyedmers que se concentrou em frutos do mar consumidos na Suécia. “Desta vez, os pesquisadores queriam incluir uma gama global mais diversificada de frutos do mar”, afirmou o economista.

Benefícios da dieta “azul”

A produção de alimentos é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, principalmente de metano e dióxido de carbono. Mais da metade são impulsionadas pela pecuária. As dietas à base de plantas oferecem uma alternativa de menor impacto ao consumo de carne, mas “as soluções tendem a ignorar os benefícios das dietas à base de frutos do mar, ou ‘azuis'”, diz o estudo. 

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Usando 41 espécies de frutos do mar, os pesquisadores estabeleceram uma pontuação de densidade de nutrientes que contabilizava os essenciais, como certas gorduras e vitaminas. As espécies pesquisadas incluíram peixes, crustáceos, bivalves e cefalópodes criados e capturados na natureza (como polvos e lulas). A equipe usou então os dados de emissões disponíveis para 34 dessas espécies a fim de comparar sua densidade de nutrientes com as emissões associadas à sua produção ou captura.

Metade das espécies de frutos do mar ofereceram mais benefícios nutricionais em termos de emissões. Salmão rosa (Oncorhynchus gorbuscha), salmão-vermelho (Oncorhynchus nerka) e pequenos peixes pelágicos, capturados da natureza, além de bivalves de criação, foram as melhores escolhas para fontes de proteína densas em nutrientes e com baixas emissões. Peixes brancos como o bacalhau (Gadus sp.) também tiveram um baixo impacto climático, mas estavam entre os alimentos menos densos em nutrientes. Os crustáceos capturados na natureza tiveram as maiores emissões, com uma pegada de carbono rivalizada apenas pela carne bovina. Os autores observam que seus dados não incluem emissões de “pós-produção”, como aquelas geradas por refrigeração ou transporte.

A análise adiciona mais perspectiva ao papel dos frutos do mar nos sistemas alimentares, diz Zach Koehn, cientista marinho do Stanford Center for Ocean Solutions, na Califórnia. Ele acrescenta que um obstáculo na aplicação desta pesquisa será a necessidade de tornar os frutos do mar mais disponíveis e acessíveis, porque aqueles que poderiam se beneficiar deesses alimentos ricos em nutrientes podem não ter acesso a eles.

Tyedmers concorda que o acesso a diversas dietas é um privilégio. “Toda oportunidade que existe para substituir frutos do mar por carne bovina é uma pequena vitória climática”, diz ele. “Mas não precisa ser todas as refeições.”

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