Por que a dieta vegetariana pode aumentar risco de derrame
O efeito estaria ligado à deficiência nutricional causada pela exclusão de produtos de origem animal fundamentais para o funcionamento do organismo
Uma dieta voltada para o maior consumo de produtos de origem vegetal está associada a uma série de benefícios de saúde, além de ser vantajosa para o planeta. No entanto, novo estudo alerta para os riscos de saúde relacionados a prática das dietas veganas e vegetarianas. Pesquisadores descobriram que dieta que excluem a ingestão de carne aumentam o risco de sofrer acidente vascular cerebral (AVC).
Isso acontece porque esse tipo de alimentação reduz o consumo de determinados nutrientes, encontrados apenas – ou mais facilmente – em produtos de origem animal, como a vitamina B12 e vitamina D. Outra ligação com o risco é a menor quantidade de colesterol circulante no organismo. O colesterol circulante é composto por colesterol produzido pelo fígado (70% a 80% do colesterol total do organismo) e é fundamental para o funcionamento do corpo, incluindo produção de hormônios, vitamina D, ácidos biliares e cortisona (que atua na capacidade anti-inflamatória e imunossupressora).
“Nosso estudo sugere que adotar uma dieta vegana ou vegetariana pode não ser universalmente benéfico para todos os resultados de saúde”, comentou Stephen Burgess, principal autor da pesquisa, ao The Telegraph. Apesar disso, o estudo, publicado no periódico British Medical Journal indica que dietas baseadas em produtos de origem vegetal ajudam a reduzir o risco de problemas cardíacos em 22%. Para aqueles que comem apenas peixe, a redução é de 13%.
O estudo
Para chegar a este resultado, os pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisaram os dados de 48.188 pessoas entre 1993 e 2001 que não tinham histórico de doença cardíaca ou AVC. Os participantes responderam questionários sobre estilo de vida, histórico médico e dieta. Com base nessas informações, descobriu-se que 24.428 pessoas tinha dieta carnívora, 16.254 eram veganas ou vegetarianas e 7.506 pescetarianas (vegetariano que come peixe). Em 2010, os cientistas reaplicaram os questionários para verificar se houve alguma mudança na dieta.
Os participantes continuaram a ser acompanhados até 2016. Durante o estudo, a equipe registrou a ocorrência de 2.820 casos de doença cardíaca e 1.072 de AVC. Depois de excluir fatores de riscos para os dois problemas de saúde, a análise dos dados mostrou que, apesar de ter maior proteção cardíaca, os veganos e vegetarianos estavam em maior risco de AVC hemorrágico – embora represente apenas 15% dos casos, ele é mais perigoso. “As doenças cardíacas são mais comuns que o AVC hemorrágico; portanto, os vegetarianos tiveram melhores resultados de saúde”, disse Burgess.
Apesar dos resultados, os pesquisadores ressaltam a necessidade de realizar novos estudos para confirmar as descobertas.
Ponto de equilíbrio
Os novos resultados indicam que nenhuma dieta restritiva vem sem riscos de saúde. Por causa disso, especialistas ressaltam a importância de um dieta balanceada para manutenção de uma boa saúde. “Para reduzir o risco de doenças cardíacas e cardiovasculares é preciso manter uma dieta equilibrada, repleta de frutas e vegetais, cereais integrais, feijões, lentilhas, nozes e sementes. Para quem come carne, recomenda-se cortar 90 gramas de carne vermelha ou processada por dia”, explicou Tracy Parker, da British Heart Foundation, ao The Independent.
No caso dos vegetarianos, é importante ficar atento a deficiência nutricional e tentar compensar as vitaminas e minerais que não podem ser obtidos apenas com produtos de origem vegetal.