Também conhecida como dieta da proteína, a dieta Atkins foi criada pelo cardiologista norte-americano Robert Atkins, e tem como base a restrição do consumo de carboidratos e o aumento da ingestão de proteínas e gorduras ao longo do dia. Segundo um estudo publicado na edição online da revista Neurology, porém, uma variação desta dieta aliada a alguns medicamentos pode ter um excelente efeito para pacientes com epilepsia e reduzir as convulsões pela metade.
“Para as pessoas que não conseguiram encontrar um tratamento eficaz para reduzir as convulsões, é encorajador ver que há uma saída”, disse o autor do estudo, Manjari Tripathi, do All India Institute of Medical Sciences, em Nova Deli. No Brasil, estima-se que 3 milhões de pacientes sofram com os sintomas, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
A dieta Atkins modificada é uma combinação da original com a dieta cetogênica, que adota alimentos como produtos de soja, creme de leite, manteiga e óleos, vegetais de folhas verdes e proteína animal, incluindo ovos, frango, peixe e bacon. Entretanto, apesar de ter se mostrado eficaz na redução de convulsões, os requisitos e restrições rigorosas podem dificultar seu cumprimento.
O estudo envolveu 160 adultos e adolescentes que sofriam de epilepsia há mais de 10 anos e tinham, em média, pelo menos 27 convulsões por mês, mesmo experimentado cerca de quatro medicamentos anticonvulsivantes na dose máxima tolerada. Para a pesquisa, os participantes foram aleatoriamente designados para receber a terapia medicamentosa padrão ou o combo inovador, durante seis meses.
Após esse período, os pesquisadores descobriram que 26% das pessoas que receberam terapia medicamentosa e seguiram a dieta modificada de Atkins tiveram uma redução de mais de 50% nas convulsões, em comparação a apenas 3% das pessoas que receberam apenas os medicamentos. No grupo da dieta, quatro pessoas conseguiram se livrar das convulsões até o final do estudo, enquanto o grupo da medicação não apresentou ninguém com o mesmo resultado.
O estudo também analisou a qualidade de vida, o comportamento e os efeitos colaterais. O grupo que recebeu a nova terapia apresentou melhora em todas as áreas em comparação com o grupo que recebeu somente a terapia medicamentosa.
Embora a dieta Atkins modificada possa ser um tratamento eficaz no controle de convulsões, “mais pesquisas são necessárias para identificar biomarcadores genéticos e outros fatores associados à resposta a essa dieta”, acrescentou Tripathi. “Isso pode melhorar o atendimento ao paciente, incentivando o uso precoce dessa dieta com base na precisão”.