Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

A fila anda devagar

Dos mais de 200 parlamentares envolvidos no escândalo da Lava Jato, apenas um foi julgado até o momento — o deputado Nelson Meurer

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 17h03 - Publicado em 1 jun 2018, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Na terça-feira 29, durante a terceira edição do fórum Amarelas ao Vivo, evento promovido por VEJA, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi indagada sobre a lição que a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos haviam transmitido aos brasileiros. “Juridicamente, o Brasil mudou. Todos nós, cidadãos, servidores públicos, poderemos e seremos julgados pelos nossos atos. O devido processo legal aplica-se igualmente a todos”, respondeu. Olhando em perspectiva, os exemplos da efetividade da Justiça são de fato contundentes. Em Curitiba, o marco zero da investigação, 132 réus já foram condenados e 31 estão presos em regime fechado, inclusive o ex­-presidente Lula e o ex-deputado Eduardo Cunha. No Rio de Janeiro, onde tramitam os processos que tratam da conexão carioca do caso, houve 37 condenações, entre elas a do ex-governador Sérgio Cabral, também preso.

    Uma dúvida surge quando se observam os números do STF, encarregado dos inquéritos e processos contra políticos detentores de foro privilegiado. A estatística da Corte é incrivelmente modesta. Dos mais de 200 parlamentares envolvidos no escândalo, apenas um foi julgado até o momento — o deputado Nelson Meurer, condenado por corrupção na semana passada. É uma desproporção que permite algumas conclusões — a mais óbvia delas, que a morosidade da Justiça a faz leniente com os poderosos. A maioria dos condenados da Lava-Jato em Curitiba e no Rio são empresários, operadores e funcionários da Petrobras que se corromperam. Do universo político, caíram apenas os que não estavam protegidos pelo foro privilegiado, uma constrangedora minoria.

    Cármen Lúcia lembrou que o Supremo tem ritmo próprio, mas reconheceu que é preciso julgar os processos “em tempo razoável”. Durante sua gestão, que termina em setembro, a ministra enfrentou pressões e resistiu bravamente a todas. Advogados de criminosos influentes e até colegas de magistratura tentaram convencê-la, por exemplo, a pôr em pauta uma ação que pretendia rever uma decisão do próprio Supremo que autoriza o cumprimento de pena após a condenação em segunda instância. Se a manobra prosperasse, os efeitos seriam deletérios: corruptos notórios voltariam às ruas e assim provavelmente permaneceriam até que o caso prescrevesse. A celeridade não é sinônimo de Justiça. Mas a lentidão sempre foi a senha para a impunidade.

    Publicado em VEJA de 6 de junho de 2018, edição nº 2585

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.