Em sua delação premiada fechada com a Polícia Federal e que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do maior escândalo de corrupção do governo petista antes da Lava-Jato, afirmou que foi ameaçado de morte quando foi prestar depoimento à CPI dos Correios, em 2005. A ameaça, diz ele, foi feita por Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae e do Instituto Lula e que atualmente coordena a criação de “comitês populares” do PT na campanha do ex-presidente.
Em seus depoimentos, Valério relatou que, no dia em que iria revelar detalhes do mensalão à então comissão parlamentar de inquérito que apurava o caso, Okamotto o procurou, informou a ele que vinha “a mando do presidente” e pediu que, como operador do mensalão, não revelasse tudo o que sabia para os parlamentares da CPI. A memória seletiva seria, diz o delator, uma forma de colaborar para “segurar o presidente Lula no governo”.
Depois, em outro encontro na Academia de Tênis, hotel que existia em Brasília próximo do Palácio do Planalto, em meio a uma briga com Okamotto, ouviu a ameaça de morte. Segundo o operador do mensalão, o aliado de Lula afirmou a ele que uma turma do PT achava que deveriam fazer com Valério o mesmo que fizeram com Celso Daniel. Ex-prefeito de Santo André e então coordenador do programa da campanha de Lula à Presidência da República, Daniel foi assassinado em janeiro de 2002.
Procurado por VEJA, Paulo Okamotto declarou que se trata de “invenções” de Marcos Valério. “Já houve pedido de abertura de inquérito, investigação, já investigou, fechou, encerrou, começou de novo, sei lá”, diz.
Marcos Valério foi condenado pela Suprema Corte a 37 anos de cadeia por coordenar o núcleo financeiro de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao primeiro mandato de Lula. Ele cumpre pena desde 2013 por crimes como corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro e atualmente está em prisão domiciliar.