O presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta quarta-feira, 6, por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que o inquérito da Polícia Federal (PF) que apura suposto benefício do emedebista ao grupo Rodrimar por meio do Decreto dos Portos, assinado em 2017, “entrou no terreno da ficção policial”.
“Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do país”, afirma a nota oficial.
O presidente é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura favorecimento à Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos (SP), tradicional área de influência política de Temer. Na terça-feira, 5, reportagens dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo trouxeram informações sobre planilhas e extratos bancários envolvendo o coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Temer e investigado no caso. Suspeito de atuar como intermediário de propinas a Temer, o coronel Lima nega envolvimento em irregularidades.
Sem citar as reportagens, o presidente afirma na nota que o delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pela investigação, não tem provas ou fatos novos, mas mesmo assim tenta reabrir a apuração contra ele. “Usa agora planilha encontrada nesses arquivos. E com base neste documento produz um fantasioso cenário de reconstrução arqueológica, mas está alimentando apenas uma imensa farsa. Tal planilha já foi renegada pela pessoa que acabou, involuntariamente, anexando esse papel, sem origem e sem autor, a processo de separação.”
Em abril, ao pedir a prorrogação do inquérito do Decreto dos Portos por mais 60 dias, Malta Lopes argumentou que seria preciso analisar o material relacionado a uma apuração antiga sobre o Porto de Santos. Em um relatório, a PF cita uma planilha desse inquérito com referência à sigla “MT”, que seria “Michel Temer”, atrelada a valores.