A Polícia Federal pediu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias do inquérito que apura supostos pagamentos pela Odebrecht ao MDB e tem entre os investigados o presidente Michel Temer, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco.
Antes de decidir sobre a extensão do prazo para conclusão das investigações, Fachin encaminhará o pedido da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR) para parecer. Caberá ao ministro decidir sobre a solicitação dos investigadores.
O inquérito 4462 do STF trata da suposta propina de 10 milhões de reais que a Odebrecht teria pagado ao grupo político do presidente durante as eleições de 2014. Conforme executivos da empreiteira que firmaram acordos de delação premiada, como Marcelo Odebrecht e o ex-diretor de relações institucionais Cláudio Melo Filho, o valor foi combinado em um jantar no Palácio do Jaburu, em maio daquele ano, do qual Temer e Padilha teriam participado.
Do montante, relataram os delatores, 6 milhões de reais foram destinados à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo e os 4 milhões de reais restantes, a Eliseu Padilha. O ministro teria recebido 1 milhão de reais em seu escritório de advocacia, em Porto Alegre, e pedido que a quantia restante fosse entregue ao ex-deputado Eduardo Cunha e a José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer.
Depois de se demitir do cargo de assessor da Presidência, em fevereiro de 2017, Yunes disse a VEJA que, a pedido de Padilha, recebeu “um pacote” em seu escritório, em São Paulo, em setembro de 2014. “Fui mula involuntário”, afirmou o advogado, amigo de Michel Temer há 50 anos. “Padilha me ligou falando: ‘Yunes, olha, eu poderia pedir para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai pegar’. Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência política com ele”, relatou.
Pouco tempo depois, José Yunes estava em seu escritório quando, disse ele, a secretária informou que um tal Lúcio estava ali para deixar um documento. “A pessoa se identificou como Lúcio Funaro. Era um sujeito falante e tal. Ele me disse: ‘Estamos trabalhando com os deputados. Estamos financiando 140 deputados’. Fiquei até assustado. Aí ele continuou: ‘Porque vamos fazer o Eduardo presidente da Casa’. Em seguida, perguntei a ele: ‘Que Eduardo?’. Ele me respondeu: ‘Eduardo Cunha’. Então, caiu a minha ficha que ele era ligado ao Eduardo Cunha. Eu não sabia. Fui pesquisar no Google quem era Lúcio Funaro e vi a ficha dele”, conta Yunes.
Lobista ligado ao MDB e, particularmente, a Cunha, Funaro fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), no qual deu detalhes sobre o caminho do suposto pagamento da Odebrecht aos emedebistas.
(com Reuters)