A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação Leviatã, desdobramento da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que tem como objetivo o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do STF Edson Fachin, referentes a desvios e pagamento de propina nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte.
O inquérito foi instaurado a partir de provas colhidas no âmbito da Lava Jato. Entre os alvos da operação estão o ex-senador do Pará Luiz Otávio e o filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA), Márcio Lobão. A Polícia Federal apura pagamentos de 1% de propina a dois partidos políticos (PT e PMDB) sobre as obras da hidrelétrica por empresas que participavam do consórcio. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os mandados estão sendo cumpridos no Rio, Belém e Brasília, nas residências dos investigados e escritórios de trabalho.
Segundo a PF, o nome da operação é uma referência a obra “O Leviatã”, do filósofo político Thomas Hobbes. Nesta obra, ele afirma que o “homem é o lobo do homem”, comparando o Estado a um ser humano artificial criado para sua própria defesa e proteção, pois, se continuasse vivendo em estado de natureza, guiado apenas por seus instintos, não alcançaria a paz social.
Delação premiada
Em outubro do ano passado, o ex-gerente de Relações Institucionais da Camargo Corrêa Gustavo da Costa Marques retificou sua delação premiada e afirmou ter escondido dos investigadores a participação de um empresário, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção nas obras da hidrelétrica. Além disso, afirmou ter pago propina em dinheiro a Lobão (MA), que na época era ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff (PT).
Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), os delatores da empreiteira admitiram que 1% do valor do contrato da usina, tocado pela empresa em consórcio com a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, era repassado a políticos do PT e do PMDB. Conforme depoimentos já revelados, ao menos 2 milhões de reais foram pagos a Lobão por, supostamente, ter ajudado a criar o consórcio e para que não impusesse obstáculos à obra.
O caso, que é investigado em inquérito sigiloso no STF, já estava sob relatoria do ministro Edson Fachin antes mesmo de sua nomeação para Lava Jato devido à morte do ministro Teori Zavascki no início deste ano.