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Para Jucá, foro privilegiado não pode ser ‘suruba selecionada’

Líder no Congresso, senador do PMDB compara cobertura da imprensa a "linchamento" e faz referências à inquisição e a perseguição dos judeus pelo nazismo

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 19h35 - Publicado em 21 fev 2017, 10h46
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  • Em reação a uma movimentação no Supremo Tribunal Federal (STF), que discute uma possibilidade de restrição do foro privilegiado apenas aos crimes cometidos no exercício do mandato, o líder do Governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o foro não pode ser uma “suruba selecionada”.

    Nomes importantes da base aliada do presidente Michel Temer e da oposição ameaçam aprovar uma proposta da emenda à Constituição que retira o direito ao for privilegiado de juízes e integrantes do Ministério Público se a articulação for adiante no Supremo. As informações são da edição desta terça-feira do jornal O Estado de S.Paulo.

    Em entrevista ao jornal, Romero Jucá declarou: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”. Investigado na Operação Lava Jato, o senador do PMDB afirmou que não é contra a restrição do foro, desde que seja “uma regra para todo mundo”.

    O líder do governo discursou por quase uma hora no plenário do Senado, nesta segunda-feira, para se defender das acusações de que tenta atrapalhar a Lava Jato. Ele acusou a imprensa de tentar fazer o “linchamento” da classe política. Após recuar de um projeto que poderia blindar os membros da linha sucessória da Presidência da República, na semana passada, Jucá foi hostilizado ao desembarcar em aeroporto de Boa Vista (RR) na última sexta-feira.

    “Inquisição”

    Citando referências históricas, Romero Jucá afirmou que a imprensa “aponta a guilhotina” para os parlamentares e depois “parte para o estraçalhamento”. “Está parecendo que vivemos o período da inquisição ou da Revolução Francesa. Estão querendo pregar em todos nós a estrela de Israel no peito, como os nazistas pregaram nos judeus que viviam na Alemanha. No passado, a turba fazia linchamentos, hoje quem tenta fazer é a imprensa e setores da sociedade”, atacou. O líder do Governo fez referência à Estrela de Davi, símbolo do Judaísmo que era costurado nas roupas dos judeus no período nazista, na Alemanha, para identificá-los.

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    O peemedebista disse, ainda, que os jornalistas teriam pressionado parlamentares a retirar as assinaturas da sua proposta na última quinta-feira. Após as notícias sobre a sua proposta ser divulgada, pelo menos dois senadores desistiram de apoiar o texto. “Estamos agora sofrendo patrulhamento na tramitação de projetos? Isso comigo não funciona”, declarou. Ele afirmou que recuou da proposta para que o Congresso Nacional coloque “os pontos nos is” e “não se diminua”. “Da minha parte, não haverá diminuição”, continuou. Após o discurso, ele avaliou que a proposta pode ser discutida novamente no futuro.

    Ele criticou ainda o vazamento das delações premiadas pelos jornalistas, que chamou de “novas vivandeiras e carpideiras”. “É liberdade imprensa vazar um pedaço de delação? E a que preço essa imprensa recebe o pedaço da delação? Não sei”, continuou. O líder do governo possui um projeto em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que propõe o fim do sigilo para todos os acordos de delações premiadas. O intuito, garantiu, é garantir “mais clareza” aos processos.

    “Madeira que não quebra”

    Jucá afirmou que os profissionais da imprensa “choram defuntos ainda vivos”, citando nomes de alguns colunistas. “Quero dizer com muita tranquilidade, aos meus adversários e a quem quer me marcar com uma estrela no peito: eu não vou morrer de véspera, eu não me entrego, eu sei o que eu defendo, eu sei o que eu fiz, e eu sei o que vou fazer.” O peemedebista assegurou que continuará apresentando propostas polêmicas. “Jucá é sinônimo de uma madeira que não quebra e não se enverga.”

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    O líder do Governo voltou a explicar os motivos que o levaram a apresentar a PEC que iria impedir a eventual investigação e o julgamento dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que o objetivo era garantir a independência entre os poderes e negou que tenha por objetivo atrapalhar a Operação Lava Jato.

    Investigado na operação, Jucá “pediu” para que os procuradores “concluam” os seus inquéritos. “Façam um mutirão Romero Jucá. Juntem-se e investiguem o que tiver que investigar. Para mim, não há problema”, discursou.

    Ele concluiu o pronunciamento explicando que a gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, onde aparece dizendo que é preciso “estancar a sangria”, não se referia à Lava Jato, mas ao “desmonte” do País promovido pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “A Lava Jato não é sangramento, é remédio”, defendeu.

    (Com Estadão Conteúdo)

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