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O governo Lula e a polêmica prática de bloquear críticos nas redes sociais

Ministros como Alckmin, Haddad e Dino repetem iniciativa popularizada no governo Bolsonaro e que é alvo de ações em tramitação no STF

Por Bruno Caniato 27 mar 2023, 16h09
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  • Embora a transparência tenha sido um dos pilares da campanha eleitoral de Lula, para alguns aliados do presidente, o discurso sobre acesso à informação dura somente até a “página dois”. A queixa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) após ser bloqueado nas redes sociais pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta segunda-feira, 27, representa apenas um entre diversos casos de autoridades que pregam transparência no palanque, mas praticam outra política em seus perfis oficiais.

    Ao menos três outros ministros de Lula — Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) — adotam o bloqueio de usuários no Twitter como ferramenta para silenciar críticos e limitar o acesso ao conteúdo que publicam.

    A prática, vale lembrar, tornou-se rotina entre figuras públicas e correligionários do governo de Jair Bolsonaro. O próprio ex-presidente bloqueou mais de 100 perfis de jornalistas no Twitter entre 2020 e 2022, segundo dados da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Somando-se as contas oficiais do governo no Facebook, Twitter e Instagram, mais de mil usuários continuam bloqueados, de acordo com levantamento da agência Fiquem Sabendo.

    Usuários das redes sociais relatam que foram bloqueados por ministros de Lula
    Usuários das redes sociais relatam que foram bloqueados por ministros de Lula (Reprodução/Twitter)

    Atualmente, não há legislação específica que proíba o uso do mecanismo de bloqueio por autoridades, uma vez que seus perfis são considerados pessoais e, portanto, suscetíveis às mesmas leis que valem para o resto da população. Existem ações em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) que contestam esse direito por parte de figuras públicas, particularmente em razão do alto número de usuários que a família Bolsonaro bloqueou nos últimos anos.

    No entanto, a carência de leis ou precedentes jurídicos sobre o tema não ofusca a grave dissonância entre os princípios que os aliados de Lula dizem defender e aqueles que, efetivamente, praticam.

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