Faltando pouco mais de um mês para a aposentadoria compulsória do vice-decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, candidatos à vaga têm protagonizado uma verdadeira romaria ao gabinete e a agendas públicas do ministro da Justiça, Flávio Dino. Titular da pasta que nos dois mandatos anteriores de Lula era parada obrigatória para quem pretendia ascender à Suprema Corte, Dino não terá o papel de “king maker” de Márcio Thomaz Bastos, por exemplo, ex-chefe da Justiça que levou ao petista escolhas como a do próprio Lewandowski. Ainda assim, supremáveis contam que sua bênção não deve ser desprezada porque em algum momento ele pode ser chamado pelo presidente a opinar sobre o preenchimento do cargo.
Protocolar, Dino tem dito àqueles que pediram seu apoio que seu papel na indicação da vaga será uma mera formalidade e, por isso, encaminhará a Lula o nome de todos aqueles que baterem à sua porta. Pelos cálculos de interlocutores de um dos postulantes, embora o advogado Cristiano Zanin e o diretor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Manoel Carlos de Almeida Neto, sejam os mais lembrados, o rol de supremáveis a ser entregue a Lula terá de dez a vinte nomes.
Um périplo de candidatos e de cabos eleitorais também tem se formado no gabinete de Ricardo Lewandowski, no anexo 2 do STF. A preferência do magistrado por um nome específico por óbvio não garante a indicação, mas, como é ele o titular da vaga e seus interlocutores dizem que o magistrado será ouvido a opinar sobre o sucessor, aspirantes a uma das onze cadeiras do Supremo acreditam que, caso o favorito Zanin não seja o escolhido, um aceno do ministro poderia ser auspicioso. “Lewandowski foi leal ao PT, mas lealdade não se transmite para o apadrinhado”, diz, sob reserva, um advogado ligado ao partido, em clara pirraça à postulação de Manoel Carlos, ex-assessor de Lewandowski e ex-secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao cargo.
Em todo caso, o vice-decano apresentou a Lula uma lista do que considerava bons nomes para a Suprema Corte. Além de Manoel Carlos, constavam do rol, entre outros, Cristiano Zanin, o tributarista Heleno Torres e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão. “Pela maturidade que tem hoje, Lula está exigindo que o candidato tenha capacidade de conversar com outros ministros, porque ele sabe que um voto sozinho não muda nada. E, claro, tem de estar na lista do Lewandowski”, disse a VEJA um dos candidatos – este, até agora, fora da listagem de preferidos do magistrado.