Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Marco Aurélio diz que ‘jamais’ faria pacto entre Poderes, como Toffoli

Ministro avalia que objetivos do presidente do STF 'às vezes não se coadunam com atuação do Supremo' e relata que ele não falou com colegas sobre o assunto

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 Maio 2019, 21h11 - Publicado em 29 Maio 2019, 20h40
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Não foi bem recebida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello a participação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, no café da manhã em que ele tratou com Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre um pacto entre os três Poderes a favor das reformas e do crescimento.

    Presidente da Corte entre 2001 e 2003 e segundo ministro mais antigo no plenário do STF, Marco Aurélio disse a VEJA que “jamais” sequer participaria de um encontro com este objetivo. Toffoli, por sua vez, é conhecido por ser dono de um perfil mais negociador.

    “Ele [Toffoli] quer realizar muita coisa e, às vezes, o objetivo não se coaduna com a atuação do Supremo. No passado, com a velha guarda que encontrei quando cheguei ao tribunal, em 1990, seria impensável cogitar-se de um pacto dessa natureza. Eu, como presidente do Supremo que fui, não iria a um encontro desses, com esse objetivo, jamais”, declarou.

    Para o ministro, “sem dúvida alguma” o pacto deveria se restringir aos Poderes Executivo e Legislativo. “O Judiciário, como ele julga inclusive leis editadas, deve manter uma certa cerimônia”, avalia. Ele pondera que “cada um tem seu estilo de atuar”, mas pontua que “pacto no campo administrativo é uma coisa, no jurisdicional é impensável. Em termos de julgamento é impensável falar-se em pacto”.

    Ele citou o julgamento no plenário do STF nesta quarta, que derrubou ponto da reforma trabalhista sobre o trabalho de grávidas e lactantes em ambientes insalubres, para lembrar que partes da reforma da Previdência também podem ter a constitucionalidade analisada pelo Supremo.

    Continua após a publicidade

    Marco Aurélio Mello relata que Dias Toffoli não tratou com os demais ministros do STF sobre a pauta do encontro com Bolsonaro, Maia e Alcolumbre, nem foi perguntado sobre o assunto. “Não conversou, não disse do que tratou, do que não tratou, qual foi o café da manhã”, ironizou.

    Marco Aurélio ressalta ainda que a intenção de fazer parte do pacto não inclui os membros da Corte. “Colegiado é colegiado, é a somatória de forças distintas. Temos uma cadeira vitalícia para atuar com absoluta independência”, disse o ministro a VEJA.

    Em fevereiro, partiu do próprio Dias Toffoli a ideia de um “novo grande pacto entre os três Poderes”, agora proposto pelo presidente Jair Bolsonaro.

    Continua após a publicidade

    Na sessão solene no Congresso na abertura dos trabalhos legislativos deste ano, o presidente do Supremo declarou: “venho propondo a celebração de um novo grande pacto entre os três Poderes da República, que envolva reformas fundamentais, como a previdenciária e a fiscal/tributária, e compreenda, necessariamente, uma repactuação federativa, evitando que estados e municípios cheguem a um quadro insustentável de inadimplência”.

    Após o café da manhã no Palácio da Alvorada, nesta terça-feira, 28, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou que o documento com um conjunto de metas e ações pode ser assinado pelos presidentes dos Poderes na semana do dia 10 de junho.

    Associação de juízes critica pacto

    Assim como Marco Aurélio Mello, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) também criticou nesta quarta-feira a participação do presidente do STF no pacto com o presidente da República e os das Casas do Legislativo. A Ajufe citou “preocupação” com “a concordância do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) à Reforma da Previdência”.

    Continua após a publicidade

    “Sendo o STF o guardião da Constituição, dos direitos e garantias fundamentais e da democracia, é possível que alguns temas da Reforma da Previdência tenham sua constitucionalidade submetida ao julgamento perante a Corte máxima do país”, diz nota da Ajufe, assinada por Fernando Mendes, presidente da associação.

    Para a Ajufe, a possibilidade de trechos do texto sobre as mudanças nas aposentadorias serem analisados pelo Supremo “revela que não se deve assumir publicamente compromissos com uma reforma de tal porte, em respeito à independência e resguardando a imparcialidade do Poder Judiciário, cabendo a realização de tais pactos, dentro de um estado democrático, apenas aos atores políticos dos Poderes Executivo e Legislativo”.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.