O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) disse ter “advertido” seu filho, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre a fala em que ele afirma que “um soldado e um cabo” são suficientes para fechar o Supremo Tribunal Federal. O vídeo, gravado em julho, veio a público neste domingo. A manifestação foi repreendida por ministros do STF, pela Ordem dos Advogados do Brasil e Associação dos Magistrados Brasileiros.
“Eu já adverti o garoto”, disse o candidato sobre o filho de 34 anos em entrevista ao SBT. “A responsabilidade é dele. Ele já se desculpou. Isso aconteceu há quatro meses. Ele aceitou responder a uma pergunta que não tinha nem pé nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí. Temos todo o respeito e consideração com os demais poderes, e o Judiciário obviamente é importante”, completou.
Presidente do STF, o ministro Dias Toffoli disse que “atacar o Judiciário é atacar a democracia”. Também condenaram a declaração do filho de Bolsonaro os ministros Alexandre de Moraes, que defendeu ainda uma investigação da Procuradoria-Geral da República, Marco Aurélio e Rosa Weber — presidente do TSE. A reprimenda mais contundente veio do decano da corte Celso de Mello, que classificou a fala de “inconsequente e golpista”.
“Eu peguei até pesado com o garoto. Quem fala isso tem que buscar um psiquiatra. Ele já assumiu a responsabilidade, se desculpou e no que depender de nós, isso é uma página virada na história”, afirmou o candidato do PSL. “O Wadih Damous falou de forma consciente em fechar o Supremo, e não teve essa repercussão toda. O garoto errou, foi advertido, vamos tocar o barco”, afirmou.
Ainda no domingo, Eduardo Bolsonaro divulgou uma nota se desculpando pelas afirmações feitas. “Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que não era a minha intenção”, afirma em seu perfil das redes sociais. O deputado também repetiu seu pai. “De fato essa pessoa precisa de um psiquiatra”, disse o parlamentar em referência à fala do pai.
Representação na PGR
O Psol protocolou nesta segunda-feira uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Bolsonaro, com um pedido para que o parlamentar seja investigado por eventuais crimes que ele possa ter praticado.
No texto apresentado à PGR, o Psol afirma que o parlamentar “teria atentado contra o Estado de direito, ameaçado contra a democracia e ido contra as instituições constitucionalmente estabelecidas”, em relação ao vídeo divulgado neste domingo.
Na representação, o partido pede que o Ministério Público Federal (MPF) instaure inquérito para apurar eventuais ilícitos e crimes praticados pelo deputado do PSL. “As declarações são gravíssimas por si só”, afirma o Psol em nota. Para a legenda, o período eleitoral agrava ainda mais as citações.
“Espero que a PGR proponha medidas exemplares para defender o Estado Democrático de Direito”, afirmou, em nota, o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.
(com Estadão Conteúdo)