O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), adiou para a próxima semana o depoimento do senador Aécio Neves (PSDB) à Polícia Federal (PF). Em decisão desta terça-feira, o ministro atendeu a um requerimento do próprio Aécio que pedia para ser ouvido após sua defesa ter acesso aos depoimentos das outras testemunhas.
O senador tucano é investigado por um suposto esquema de corrupção em Furnas que envolvia também o PP. O ex-senador Delcídio do Amaral apontou, em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, Aécio como destinatário de propina em um esquema de corrupção envolvendo a hidrelétrica. Delcídio não citou valores que teriam sido repassados ao senador tucano, mas disse que o então diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo, que ocupava o cargo apoiado pelo PP e por Aécio, tinha um “vínculo muito forte” com o senador do PSDB.
Em sua decisão, Mendes defere o pedido do senador. “Ante o exposto, defiro o requerimento do investigado Aécio Neves da Cunha, para determinar que a autoridade policial junte aos autos todos os depoimentos de testemunhas já colhidos, franqueando acesso à defesa, e suspenda o interrogatório do requerente, por pelo menos 48 horas, contados da juntada.”
Delcídio também revelou que “Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene”. Outro delator da Lava Jato a implicar o presidente do PSDB em suposta corrupção em Furnas é Alberto Youssef. O doleiro afirma que Aécio recebia, por intermédio de sua irmã Andrea Neves, valores mensais.
Em junho de 2016, Mendes autorizou a continuidade das investigações que haviam sido suspensas em maio daquele ano pelo próprio ministro que pediu à Procuradoria Geral da República justificativas para dar continuidade ao caso.
Segundo o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio, o adiamento tem por objetivo permitir ao senador “ter acesso à íntegra dos documentos que fazem parte do inquérito, como determina a lei e, em especial, a súmula 14 do Supremo Tribunal Federal”. “Desde o ano passado, o senador tem se colocado à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários a provar a absoluta correção de todos os seu atos”, afirmou.