Alexandre de Moraes nunca foi uma unanimidade no Supremo Tribunal Federal (STF). Se para fora nenhum ministro se dispunha a tornar públicas certas ressalvas ao modo de atuação do condutor de inquéritos que apuram crimes atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, no bastidor alguns colegas de toga já externaram incômodo com decisões mais duras vindas da caneta de Moraes em investigações que apuram responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 ou no modo como o magistrado controlava julgamentos sensíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A despeito das críticas, Alexandre catapultou o tribunal ao papel de foco de resistência contra flertes golpistas e reuniu um inédito espírito de corpo também porque, como efeito colateral de suas decisões, acabou por controlar as ameaças, críticas e xingamentos que tinham os magistrados como alvo.
Reservadamente, juízes da Suprema Corte resumem o fim dos ataques não a uma reversão da impopularidade do tribunal, ainda na casa dos 28% segundo pesquisa Datafolha, mas ao receio de eventuais punições.
“Acima de tudo, há um sentimento de gratidão por podermos voltar a andar na rua”, resumiu um deles. Ainda assim, são poucos os que hoje mantêm rotinas mínimas em locais públicos. O próprio Alexandre de Moraes, por exemplo, que no governo Bolsonaro se exercitava em uma academia no quartel do Exército, passou a treinar em um local mais reservado em Brasília.
Desde a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, o STF já vinha reforçando a segurança pessoal dos ministros, ampliando a quantidade de armamento em posse do tribunal, contratando guardas pessoais e alugando carros blindados.
No auge do esgarçamento das relações com o Palácio do Planalto, ministros passaram a ser hostilizados nas ruas e nos aeroportos — alguns deles, inclusive, foram obrigados a reforçar a segurança de seus familiares. Depois da ação enérgica e necessária de Alexandre de Moraes, as agressões praticamente acabaram.