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Evangélicos entram em campo para ajudar Mendonça no Senado

Advogado-geral da União já conversou com mais de 50 parlamentares para tentar contornar resistências à sua indicação

Por Rafael Moraes Moura Atualizado em 10 jul 2021, 10h34 - Publicado em 10 jul 2021, 10h33
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  • Lideranças evangélicas decidiram entrar em campo para ajudar o advogado-geral da União, André Mendonça, a diminuir a resistência no Senado a sua provável indicação para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente Jair Bolsonaro já informou a auxiliares que pretende escolher o chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) para a vaga aberta neste mês com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello. Enquanto Mendonça segue a peregrinação por votos em um colégio eleitoral de 81 senadores, aliados do ministro têm atuado nos bastidores para ajudá-lo, mapeando a proporção de evangélicos nos Estados de cada um dos senadores. A estratégia é uma forma de convencer os parlamentares a acolher a indicação de Mendonça — e de lembrar o peso do voto evangélico nas eleições de 2022.

    Desde que Bolsonaro passou a dar sinais mais precisos sobre a cadeira do STF, Mendonça tem intensificado o corpo a corpo nos corredores do Congresso — na última quarta-feira, se encontrou pessoalmente com Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O ministro tem ido praticamente todos os dias ao Senado, onde conta com o apoio da base do governo, especialmente da bancada do PL, que está na linha de frente pelo seu nome. Mendonça já conversou com 50 senadores, mas até agora não teve um encontro presencial com o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), considerado pelo governo o principal foco de resistência. “Se ele não resolver com o Davi, a vida não será fácil”, diz um ministro do STF. Mendonça e Alcolumbre apenas conversaram por telefone, há cerca de um mês.

    Dois senadores ouvidos reservadamente por VEJA, que torciam o nariz para a escolha do ministro da AGU e preferiam o nome do procurador-geral da República, Augusto Aras, já admitem que estão dispostos a acolher a indicação de Bolsonaro. Apesar de terem mais simpatia por Aras, considerado um nome menos hostil à classe política, esses dois parlamentares avaliam que não vale a pena brigar com o eleitorado evangélico a um ano do próximo pleito. Segundo um integrante da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR), a partir do momento em que Bolsonaro formalizar a indicação, a tendência é que a resistência ao nome de Mendonça diminua ainda mais. Isso porque os senadores possuem prerrogativa de foro privilegiado perante o Supremo — e tudo que eles não querem é enfurecer um magistrado que vai julgá-los lá na frente.

    A última vez que o Senado rejeitou um nome escolhido pelo presidente da República para ocupar uma cadeira no STF foi em 1894, no governo Floriano Peixoto. Dentro do Supremo, Mendonça une o apoio de alas divergentes da Corte, como do ministro Dias Toffoli — mais crítico à Lava Jato — e do presidente do STF, Luiz Fux, e Luís Roberto Barroso, que são expoentes da corrente legalista, mais linha dura com investigados.  Caso receba aval do Senado, Mendonça deverá participar, no final do segundo semestre deste ano, do julgamento do “quadrilhão do MDB”, que pode tornar réus os senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA) pelo crime de associação criminosa. O caso, pautado para 2 de dezembro, vai ser uma prova de fogo para identificar o posicionamento do novo ministro do STF em matérias penais.

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