Setembro será um mês crucial para o futuro da Lava-Jato. É quando o procurador-geral da República Augusto Aras terá de decidir se prorroga ou acaba de vez com a força-tarefa de Curitiba, responsável pela apuração do maior escândalo de corrupção da história do país. Ele pode renovar a atuação do grupo de investigação, asfixiá-lo obrigando procuradores a atuarem também em outros casos, ainda que de menor relevância, ou extingui-lo de vez. O clima para uma eventual renovação da força-tarefa é um dos piores da história da operação.
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Clique e AssineAras, que na quarta-feira, 8, conseguiu do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ordem para que todo o acervo da Lava-Jato seja transferido para o Ministério Público, sempre reclamou do excessivo “descolamento” dos procuradores de primeira instância, que por anos a fio tocaram as investigações mais importantes do Brasil, e da sensação de que Brasília “fica a reboque” do que vier a ser descoberto por eles. Conforme mostrou a edição desta semana de VEJA, os dados reúnem mais de 50 terabytes de informação, incluindo 30 milhões de dados de movimentações financeiras, além de registros íntimos de investigados.
Agora, diante do risco de a força-tarefa de Curitiba, comandada por Deltan Dallagnol ser extinta por uma canetada do procurador-geral, os procuradores de Curitiba avaliam a possibilidade de recorrer ao Conselho Superior do Ministério Público, com um pedido de liminar, para continuarem investigando casos da Lava-Jato, sem redução de pessoal e com dedicação exclusiva. Eles consideram que a atual composição do colegiado, que recentemente elegeu opositores de Augusto Aras, poderia lhes ser favorável. O CSMP tem como atribuições, entre outras, determinar a realização de correições e sindicâncias e elaborar regras para a distribuição de investigações entre os procuradores.
O recurso, considerado inovador pelos próprios integrantes que discutem sua viabilidade, seria uma espécie de cartada final na tentativa de manter a Lava-Jato de Curitiba de pé.