Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Em 2022, o grande teste do Tribunal Superior Eleitoral

Com três presidentes em um ano, mudanças na composição e um general do Exército em posto-chave, o TSE se prepara para uma eleição tensa

Por Rafael Moraes Moura 25 dez 2021, 12h15
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se confunde com as idas e vindas da democracia brasileira. Em 1932, o clamor popular por eleições confiáveis levou à criação da Justiça Eleitoral por decreto de Getúlio Vargas, que também garantiu o voto secreto e o sufrágio feminino. Getúlio assinaria cinco anos depois a autoritária Constituição do Estado Novo, culminando com o fechamento do tribunal, a dissolução dos partidos políticos e a suspensão de eleições diretas. O TSE seria reativado apenas em 1945. Agora, prestes a completar 90 anos de existência, o tribunal se prepara para enfrentar um desafio: garantir a realização de eleições eficientes e seguras, se blindando dos ataques disparados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados — e garantindo que o resultado seja reconhecido, não importa quem saia vencedor nas urnas. Não será uma tarefa fácil assim.

    A menos de um ano das próximas eleições, ministros do TSE já admitem reservadamente o temor de que Bolsonaro não aceite uma eventual derrota e insufle extremistas a invadir a sede do tribunal. As últimas pesquisas de intenção de voto apontam que hoje são grandes as chances de o ex-presidente Lula da (PT) liquidar a disputa já no primeiro turno. Bolsonaro ainda não perdeu a guerra, mas sofreu um duro revés quando o Congresso derrubou a sua ofensiva de ressuscitar o voto impresso, uma medida de custo bilionário que tumultuaria o processo eleitoral. O chefe do Executivo elegeu o TSE como o inimigo da vez e chegou a afirmar que “a gente não pode deixar que meia dúzia de funcionários, numa sala escura, conte os votos e decida as eleições”. Recentemente, mudou o tom e disse que o voto eletrônico “vai ser confiável”, mas ninguém sabe até quando vai durar a trégua.

    Para evitar eventuais ataques, a Corte vem preparando uma série de vacinas caseiras. No último dia 15, o atual presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes participaram de uma reunião para tratar dos preparativos do pleito de 2022, sob o mote de “paz e segurança nas eleições”. Naquela ocasião, foi anunciada oficialmente a ida do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo para o cargo de diretor-geral do TSE, conforme revelado por VEJA. O posto é uma espécie de síndico, responsável por tocar licitações e cuidar de questões administrativas e tecnológicas do tribunal, como as próprias urnas. “Vocês devem estar me achando a pessoa mais estranha dessa mesa. E sou mesmo”, admitiu Azevedo na reunião. E completou: “Mas não recuso missão”. O nome, visto como polêmico por integrantes da Corte, foi articulado por Moraes, para garantir estabilidade no período eleitoral turbulento de 2022. Ninguém se opôs à ideia. Antes, o tribunal já havia incorporado as Forças Armadas em uma comissão para fiscalizar todas as etapas do processo eleitoral.

    “Sem dúvida será a eleição mais desafiadora para a história do TSE. Nunca o TSE e o sistema de votação e apuração estiveram tão atacados”, apontou o coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), Luiz Fernando Casagrande Pereira. O tribunal também decidiu unificar o horário de votação em todo o País, que vai seguir em tempo real o de Brasília, independentemente do fuso-horário — antes, os resultados preliminares da disputa pelo Planalto só começavam a ser divulgados após o fim das eleições no Acre, duas horas depois do encerramento dos trabalhos na maior parte do país. “A diferença no horário de encerramento de votação produziu interpretações, teorias conspiratórias e problemas que gostaríamos de evitar para assegurar a tranquilidade do processo eleitoral brasileiro”, justificou Barroso.

    Bolsonaro já disse que houve fraude nas eleições de 2014, vencidas por uma pequena margem de votos por Dilma Rousseff. Na época, o tucano Aécio Neves disparou no começo da contagem de votos, mas a vantagem sumiu depois que a apuração avançou na região Nordeste, tradicional reduto petista. Aécio já reconheceu a derrota, mas Bolsonaro insiste, sem qualquer evidência, que houve fraude.

    Continua após a publicidade

    Ao longo de 2022, o TSE será presidido por três ministros: em fevereiro, Barroso passa o bastão para Fachin, que comandará a Corte até agosto, quando Moraes assume os trabalhos. Os três são os maiores críticos de Bolsonaro no Judiciário — Barroso e Moraes, aliás, trabalharam ativamente nos bastidores para enterrar o voto impresso. “O ano que vem será o ano de paz e segurança nas eleições. É fundamental que haja a integridade e o respeito ao processo eleitoral e é o que vai acontecer”, diz Fachin.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.