União Europeia não reconhece a reeleição de Maduro na Venezuela
Declaração feita por um porta-voz do bloco econômico contesta a demora na publicação dos registros oficiais de votação pelo Conselho Nacional Eleitoral do país
A União Europeia afirmou neste domingo, 4, que não reconhece a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela. O posicionamento, feito por meio de um comunicado divulgado pelo Alto Representante do grupo para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell Fontelles, acontece um dia depois de um pedido feito por sete países europeus — entre eles Itália, França, Alemanha e Espanha — para que as atas da votação fossem publicadas.
Países como os Estados Unidos, Panamá, Peru, Costa Rica, Argentina e Uruguai declararam que a oposição saiu vencedora no pleito. Já Brasil, Colômbia e México, por meio de uma nota conjunta, cobraram a divulgação dos dados da votação. A vitória de Maduro foi anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que tem à frente um aliado do ditador venezuelano.
No documento publicado neste domingo, a União Europeia diz que acompanha os acontecimentos com “grande preocupação” e que “relatórios de missões internacionais de observação eleitoral afirmam claramente que as eleições presidenciais de 28 de julho não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral”.
O grupo ressalta ainda que o CNE não deu publicidade aos registros de votação “apesar de seu próprio compromisso”. E que, por isso, os resultados publicados pelo órgão não podem ser reconhecidos. “Qualquer tentativa de atrasar a publicação completa dos registros oficiais de votação só lançará mais dúvidas sobre a credibilidade dos resultados oficialmente publicados”, ratifica o comunicado.
Ainda de acordo com a União Europeia, cópias dos registros de votação eleitoral publicados pela oposição e revisados por diversas organizações independentes indicam que Edmundo González Urrutia, adversário de Maduro no pleito, “parece ser o vencedor das eleições presidenciais por uma maioria significativa”.
União Europeia quer auditoria
O bloco ainda pede uma nova auditoria independente da eleição, “se possível por uma entidade de renome internacional”. O comunicado manifesta ainda preocupação com a escalada de protestos na Venezuela, apela para que permaneçam pacíficos e para que as autoridades locais respeitem a liberdade de expressão.
“A União Europeia está seriamente preocupada com o número crescente de detenções arbitrárias e o assédio contínuo da oposição. A União Europeia apela às autoridades venezuelanas para que ponham fim às detenções arbitrárias, à repressão e à retórica violenta contra membros da oposição e da sociedade civil, e para que libertem todos os presos políticos”, diz o texto, que agradece aos “esforços dos parceiros regionais”, com os quais diz manter contato, em busca de uma solução para a crise.
“Respeitar a vontade do povo venezuelano continua sendo a única maneira de a Venezuela restaurar a democracia e resolver a atual crise humanitária e socioeconômica”, finaliza a declaração.