O presidente americano, Donald Trump, ameaçou nesta terça-feira tomar ações retaliatórias contra a China e a Coreia do Sul, dois importantes parceiros comerciais na Ásia, por conta do crescente déficit comercial dos Estados Unidos com esses países.
Trump acusa Pequim de dizimar as indústrias de aço e alumínio dos Estados Unidos e disse estar considerando todas as opções para reverter isso, incluindo a introdução de cotas e tarifas. O presidente recebeu recentemente dois relatórios do Departamento de Comércio sobre possíveis subsídios que a China estaria dando para essas indústrias, vitais para os segmentos de construção e automotivos.
Apesar de Trump ter ainda dois meses para decidir sobre possíveis ações retaliatórias contra Pequim –e de já haver indicado que pretende seguir por esse caminho–, especialistas creem que sanções americanas devem levar a China a tomar ações retaliatórias, elevando a probabilidade de uma guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais.
A China produz cerca de metade do aço do planeta e é acusada de saturar o mercado com o produto para manter sua economia doméstica em crescimento. Há décadas, líderes chineses são “consumidos”, como colocou o ex-presidente Hu Jintao, pela necessidade de criar 25 milhões de postos de trabalho ao ano.
Trump, no entanto, também enfrenta pressão doméstica. Na segunda-feira, o presidente disse que precisava agir para salvar “as fábricas vazias” que ele havia visto durante a campanha de 2016.
O déficit comercial americano, que Trump repetidamente prometeu melhorar, aumentou mais 12% durante seu primeiro ano como presidente, alcançando 566 bilhões de dólares.
Apesar de ter sido apoiado, Trump também recebeu advertências de grupos ligados à indústria americana de que uma ação contra a China poderia elevar os preços e causar dano a outros setores da economia americana para além da indústria de aço e de alumínio.
Daniel Ikenson, do instituto CATO, um grupo pró-comércio, disse que Trump pode ser forçado a moderar suas ações, mesmo sem moderar o seu tom.
“Apesar da retórica, Trump não quer subverter ‘sua’ economia”, escreveu Ikenson esta semana.
“Trump está hoje mais consciente de que as ações impulsivas que ele ameaçou tomar teriam custos político e econômico bastante significativos”, complementou.
Coreia do Sul
A frase também é verdadeira quando se trata das relações com a Coreia do Sul, já tensas com a estridência de Trump sobre o programa nuclear da Coreia do Norte. No caso dos sul-coreanos, o líder americano colocou o acordo de livre comércio assinado entre as duas nações em 2012 em cheque, qualificando-o como “um desastre” e prometendo uma renegociação por “um acordo justo” — ou o cancelamento do atual.
O governo de Trump iniciou a renegociação dos acordos comerciais em julho passado, argumentando que o KORUS, como o acordo é conhecido, era desfavorável aos Estados Unidos e que o déficit comercial americano com a Coreia do Sul tinha crescido enormemente desde que entrou em vigor.
“Temos um acordo comercial muito, muito ruim com a Coreia”, disse Trump. “Ele não teve nenhum resultado, a não ser gerar perdas”.
Os comentários do presidente americano ocorrem um dia após ele acusar a Coreia do Sul, a China e o Japão por conta de seus balanços comerciais positivos com os Estados Unidos.
(Com AFP)