Certa de não haver no Parlamento britânico maioria a favor de um segundo referendo sobre o Brexit, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apresentou ao plenário, nesta segunda-feira, uma nova versão de seu plano sobre a retirada do país da União Europeia – o mesmo rechaçado na semana passada pelo legisladores.
“O plano B é o plano A”, afirmou ela. “Vou conversar mais nesta semana com meus colegas e, então, levar as conclusões dessas discussões à União Europeia”, completou a primeira-ministra.
No último dia 15, por 432 a 202 votos, o Parlamento rejeitou o acordo para o Brexit, negociado por May com a União Europeia. Com essa derrota histórica, ela foi desafiada a apresentar um “plano B” até hoje.
Essa segunda proposta, porém, seria emendada pelos parlamentares, o que tornaria ainda mais incerta a possibilidade de haver um acordo fechado até 29 de março, quando a saída do bloco europeu será efetivada. Entre o dia 15 e esta segunda-feira, May ainda teve de sobreviver a uma moção de censura apresentada pelo líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, que ambiciosa o posto dela.
Em seu discurso no Parlamento, a primeira-ministra afirmou rejeitar totalmente a possibilidade de o país apelar pelo artigo 50 do Tratado de Lisboa, que significaria abortar o processo de Brexit. Também afirmou-se intransigente em relação ao compromisso de levar a efeito o resultado do referendo de 2016, no qual a maioria dos britânicos votou a favor da retirada do país do bloco europeu.
Mas, habilmente, ela pôs em discussão uma proposta lateral: a derrubada da taxa de 65 libras que seria cobrada dos cidadãos europeus que queiram se manter legalmente no Reino Unido depois do Brexit.
“Posso confirmar hoje que, enquanto levamos adiante o esquema para 30 de março, o governo vai suspender a aplicação da taxa, o que quer dizer que não há barreira financeira para os nacionais da União Europeia que quiserem ficar. Quem se inscreveu durante a fase-piloto vai ser reembolsado”, afirmou.
A resposta de Corbyn à ousadia da primeira-ministra foi dura, segundo o jornal The Guardian. O líder trabalhista declarou que ela “não entendeu sua derrota na Câmara dos Comuns na semana passada”.
“A primeira-ministra parece estar pairando sobre as moções de aceitação que recebeu. Mas, na realidade, está em profunda negação”, disse Corbyn, que ressaltou que o acordo fechado por May com a União Europeia é “inadmissível”.
O tópico do acordo de maior rejeição do Parlamento diz respeito ao backstop, um mecanismo de preservação do livre-comércio para evitar a reinstauração de uma fronteira dura na ilha da Irlanda. O mecanismo somente entraria em vigor se não fosse encontrada melhor solução até 29 de março. Trabalhistas e conservadores querem uma “saída dura” do Reino Unido do bloco europeu e estariam dispostos, para tanto, a ver a retomada da violência entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte.