O Reino Unido decidiu que irá iniciar o controle de fronteiras com os países da União Europeia em estágios, a partir de janeiro de 2022.
A medida, adotada por conta do impacto econômico da pandemia de Covid 19, pretende dar mais tempo para que as empresas britânicas se adequem aos trâmites de importação e exportação, enquanto os controles de fronteira são implementados.
É uma mudança de postura do governo de Boris Johnson, que havia anunciado, em fevereiro, que iria adotar as medidas aduaneiras tão logo fosse vencido o período de transição de “status quo”, que formalizaria, de uma vez por todas, a saída da União Europeia, em 31 de dezembro.
A medida foi anunciada logo depois de o governo afirmar que não prorrogaria mais os prazos para a implantação do Brexit. “Confirmei formalmente que o Reino Unido não ampliará o período de transição e que passou o tempo de pedir prorrogações”, escreveu o ministro de Gabinete, Michael Gove, no Twitter
Mas, nessa caso, a pressão das empresas de dos políticos acabou prevalecendo. Nesta sexta-feira, os líderes da Escócia e dos País de Gales, que integram o Reino Unido, ligaram para o primeiro ministro britânico pedindo que o prazo de transição com a União Europeia fosse estendido, alegando que a pandemia de coronavírus havia tornado o cronograma original “extremamente imprudente”.
Em uma carta endereçada a Johnson, os primeiros ministros da Escócia, Nicola Sturgeon, e do País de Gales, Mark Drakeford, afirmaram que a manutenção do prazo “causaria um choque econômico e social ainda mais significativo em cima da crise do COVID-19, atingindo empresas cujas reservas, em muitos casos, já foram esgotadas, levando a mais fechamentos”.
Impasses com UE continuam
A medida impacta diretamente a relação entre o Reino Unido e a União Europeia. O controle de fronteiras é um dos principais pontos do Brexit e os líderes dos dois lados têm encontrado dificuldade para fazer valer o acordo que possibilitou a saída do Reino Unido do bloco econômico. Uma conferência entre Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para tratar do assunto, está marcada para a próxima segunda-feira.
Especialistas em comércio exterior alertam para o fato de que ainda há muitas medidas necessárias para a implantação do controle de fronteiras, tais como a contratação de pessoal e obras de infraestrutura: “a Grã-Bretanha pode enfrentar o caos. A Covid-19 também piorou as coisas e o governo ainda não teve tempo de se preparar para a implantação de uma fronteira completa”, explica Sam Lowe, pesquisador sênior do Centro de Reforma Européia.
Desde o início da pandemia, as empresas têm encontrado dificuldades para preencher a papelada para realizar transações comerciais e sofrem com o pagamento de impostos e tarifas alfandegárias. O governo britânico informou que as novas medidas irão permitir um prazo de até seis meses para os comerciantes que importam mercadorias padrão concluírem as declarações alfandegárias.
(Com Reuters)