A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, insistiu nesta quarta-feira, 14, na retórica de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, “vai falhar e a Europa irá prevalecer”, prometendo continuar com a integração entre União Europeia e Ucrânia.
Em fala ao Parlamento Europeu, von der Leyen fez um apelo com o objetivo de unir os Estados membros do bloco que enfrentam uma grave crise energética à medida que o inverno se aproxima.
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“A invasão russa não é apenas uma guerra contra a Ucrânia, mas também um conflito contra a nossa economia, nossos valores e nosso futuro”, disse ela.
Vestida com as cores da bandeira ucraniana, a presidente da comissão anunciou que irá visitar Kiev ainda nesta quarta e que planeja discussões detalhadas com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para garantir o “acesso contínuo do país ao mercado único”.
Von der Leyen se comprometeu em trabalhar em conjunto com o líder ucraniano na reconstrução de escolas, prometendo cerca de 100 milhões de euros, o equivalente a R$ 518 milhões, em fundos da União Europeia. Estima-se que 70 instituições educacionais foram destruídas ou danificadas desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.
A política disse ainda que o bloco econômico irá manter as sanções impostas contra a Rússia e que elas estão fazendo efeito, ao contrário do que diz Putin.
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“Os militares russos estão pegando chips de lava-louças e geladeiras para consertar seus equipamentos militares, porque ficaram sem semicondutores”, disse ela.
Em seu discurso, von der Leyen confirmou que a comissão está avançando na ideia de taxar os lucros excessivos das empresas de energia, esperando arrecadar mais de 140 bilhões de euros, o equivalente a 725 bilhões de reais. De acordo com autoridades da União Europeia, esse dinheiro será direcionado para famílias e empresas vulneráveis que lutam com um aumento nos preços do gás.
“As grandes empresas de petróleo, gás e carvão também estão obtendo grandes lucros. Então eles têm que pagar uma parte justa e dar uma contribuição para a crise”, afirmou.
Outra ideia que também estava sendo ventilada nas últimas semanas, a de impor um teto de gastos no preço do gás, foi deixada de lado.
Os Estados membros da UE estavam divididos sobre quais países o limite deveria cobrir, enquanto alguns se opunham categoricamente à ideia, temendo uma ameaça à segurança do abastecimento.
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O longo discurso de von der Leyen no Parlamento Europeu abordou também a questão climática, argumentando que o verão recorde de 2022 deve incentivar os esforços de adaptação. Ela prometeu dobrar a frota da UE de aviões e helicópteros de combate a incêndios para combater incêndios florestais.
A presidente da comissão reconheceu também que o bloco ignorou as queixas de longa data da Polônia e dos países bálticos sobre Putin e que “as vozes dentro da União Europeia deveriam ter sido ouvidas”.
Por fim, von der Leyen homenageou a rainha Elizabeth II, morta aos 96 anos na última quinta-feira, 8.
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“Ela é uma lenda. Ela foi uma constante em todos os eventos turbulentos e transformadores dos últimos 70 anos”, completou.