O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, viaja nesta quinta-feira, 1, para a África do Sul, onde participa de uma reunião do BRICS (grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com outros chanceleres. Um dos temas será a expansão do bloco com a entrada de outros países, mas não será possível escapar da temática da guerra na Ucrânia – especialmente com a iminente presença do presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula em agosto.
Vieira desembarca na Cidade do Cabo para uma reunião com os demais ministros das Relações Exteriores dos países do grupo, que tem tentado ser mais assertivo em consolidar-se como um contrapeso para a dominância dos países ricos do Ocidente. Na pauta, estão dois pontos principais, sendo o primeiro uma possível expansão do bloco para incluir mais economias emergentes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na terça-feira 30, durante encontro com os líderes das nações da América do Sul em Brasília, que é favorável ao ingresso da Venezuela no BRICS, e o líder venezuelano, Nicolás Maduro, já expressou interesse. No entanto, outros já estão na fila há mais tempo, como é o caso da Argentina e do Irã.
Os candidatos também podem, primeiro, entrar no Novo Banco de Desenvolvimento (o chamado banco do BRICS), hoje chefiado pela ex-presidente Dilma Roussef, para melhorar as chances de adesão. A Arábia Saudita pode ser a primeira a tomar esse caminho.
A entrada de mais países no grupo, em especial nações ricas, é desejável no cenário de contraposição ao Ocidente. Antes visto como um fórum vago e apenas simbólico, nos últimos anos o BRICS assumiu formas mais concretas, impulsionado inicialmente por Pequim e, desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, com ímpeto adicional de Moscou.
A segunda pauta principal é traçar estratégias e negociações para a cúpula de fato em agosto, que ocorre em Joanesburgo. O encontro já gerou polêmica por causa da possível presença de Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia.
O Kremlin disse na terça-feira 30 que a Rússia participará no “nível adequado” da cúpula. A África do Sul concedeu imunidade diplomática a todos os líderes que estarão presentes no encontro, o que significa que o presidente russo não será detido e enviado para ser julgado em Haia.
As autoridades sul-africanas confirmaram que os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul estão presentes na reunião de quinta-feira na Cidade do Cabo. Um vice-ministro está representando a China.
Agora, esses governos precisarão se equilibrar entre, de um lado, o apoio ao BRICS e a amizade com a Rússia, e do outro, a reação de importantes parceiros econômicos do Ocidente.