Polícia faz buscas no Parlamento Europeu por possível interferência russa
Membros do legislativo da UE teriam sido pagos pelo Kremlin para espalhar 'propaganda' pró-Rússia; Caso ocorre poucos dias antes de eleições no órgão
O Ministério Público Federal da Bélgica disse nesta quarta-feira, 29, que a polícia realizou buscas na residência de um funcionário do Parlamento Europeu e no seu escritório do edifício do parlamento em Bruxelas por suspeita de interferência da Rússia.
“As buscas fazem parte de um caso de interferência, corrupção passiva e adesão a uma organização criminosa, e estão relacionadas com indícios de interferência russa, através da qual membros do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover propaganda russa através do site de notícias Voz da Europa”, disseram os procuradores em comunicado.
O texto acrescentou que autoridades belgas acreditam que o funcionário em questão, cujo nome não foi divulgado, desempenhou “um papel significativo” na suposta operação.
Os procuradores belgas disseram ainda que o escritório do suspeito em Estrasburgo, onde está localizada a sede do legislativo da União Europeia na França, também foi revistado, em parceria com a agência de cooperação judiciária do bloco europeu, a Eurojust, e autoridades judiciais francesas.
As operações ocorreram menos de duas semanas antes das eleições ao Parlamento Europeu, que estão marcadas de 6 a 9 de junho, para renovar o legislativo da União Europeia.
Controle da narrativa
Neste mês, a União Europeia proibiu a Voz da Europa, bem como outros três meios de comunicação russos, de transmitir notícias no bloco de 27 países. Segundo autoridades europeias, todos os veículos que foram alvo do banimento estão sob controle do Kremlin e tinham como alvo “partidos políticos europeus, especialmente durante períodos eleitorais”.
Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a União Europeia já tinha suspendido os portais de notícias Russia Today e o Sputnik, entre vários outros meios de comunicação.
Rede para minar apoio à Ucrânia
No mês passado, o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, já havia aberto uma investigação após o serviço de inteligência do seu país confirmar a existência de uma “rede que tenta minar o apoio à Ucrânia”.
Segundo o líder belga, a investigação mostrou que membros do Parlamento Europeu foram abordados e ofereceram dinheiro para promover a propaganda russa. “De acordo com o nosso serviço de inteligência, os objetivos de Moscou são muito claros. O objetivo é ajudar a eleger mais candidatos pró-Rússia para o Parlamento Europeu e reforçar uma certa narrativa pró-Rússia nessa instituição”, afirmou ele.
Desde o início do conflito no Leste Europeu, os países da União Europeia despejaram bilhões de euros na Ucrânia, juntamente com quantidades significativas de armas, munições e equipamentos militares. Também impuseram sanções a altos funcionários russos, incluindo o presidente do país, Vladimir Putin, além de bancos, empresas e o setor energético.