A Assembleia Nacional da França deve aprovar nesta terça-feira, 13, uma resolução pedindo que o governo do país se oponha ao acordo entre União Europeia e Mercosul. O texto, apoiado por deputados da base governista do presidente, Emmanuel Macron, e dos partidos de esquerda da oposição, vem logo após um encontro entre a líder do bloco europeu, Ursula von der Leyen, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília.
Embora a resolução não tenha poder de lei, representa um golpe político contra as negociações e as pretensões de Lula para concluir o pacto comercial até o final deste ano.
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Para que o acordo entre os dois blocos entre em vigor, todos os parlamentos dos 27 países da União Europeia terão de ratificar o tratado, inclusive os franceses.
Paris, uma opositora de longa data do tratado, defende que só vai mudar de ideia se os membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) se comprometerem a interromper todo o desmatamento ilegal na Amazônia, a cumprir as metas do acordo climático de Paris e a aplicar as mesmas regras ambientais e sanitárias que os agricultores do bloco europeu.
No entanto, críticos à postura da França dizem que o país só tem criado dificuldades para abrir o mercado local às exportações brasileiras e do Mercosul per temores de que a medida ameace seu próprio setor agrícola.
No início deste ano, Bruxelas propôs que os países do bloco sul-americano tratassem das preocupações ambientais concordando com um adendo de sustentabilidade no pacto, e agora a União Europeia está pressionando seus respectivos governos a responder “muito em breve” sobre o assunto.
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Na segunda-feira 12, von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, iniciou um périplo pela América Latina para se encontrar com os chefes de Estado do Brasil, Argentina, Chile e México. Ela já reuniu-se com Lula no Palácio do Planalto e expressou, como o petista, desejo de que as negociações entre os blocos sejam concluídas até o final do ano.
O líder brasileiro, no entanto, criticou a exigência ambiental extra que europeus querem no acordo e disse que a premissa das negociações não deve ser “desconfiança e sanção”.
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O ministro do Comércio francês, Olivier Becht, depois de se reunir com vários ministros e autoridades brasileiras, disse ao portal de notícias POLITICO ter a impressão de que os membros do Mercosul ainda não haviam acertado entre si as propostas da União Europeia, nem suas próprias contrapropostas.
“Nem todos os países [do Mercosul] compartilham as mesmas opiniões” sobre as novas exigências ambientais da UE, afirmou Becht ao POLITICO.
Para a França, “não é uma questão de tempo; é uma questão de equilíbrio nas negociações. E os brasileiros sentem o mesmo”, garantiu o ministro francês, ao final de uma visita de uma semana ao Brasil e ao Chile.