Para reverter enfraquecimento do apoio à Ucrânia, UE se reúne em Kiev
Pela primeira vez, os ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco se encontram fora do território da UE
O principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, classificou a guerra da Ucrânia como uma “ameaça existencial” para a Europa depois de convocar uma reunião “histórica” dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco em Kiev. Será a primeira vez que os ministros dos Negócios Estrangeiros se reúnem fora do território existente da UE. Ele ainda ressaltou o apoio contínuo da Europa ao governo de Volodymyr Zelensky.
O gesto ocorre em um momento em que o apoio à Ucrânia tem enfraquecido entre os aliados, principalmente nos Estados Unidos. “Esta guerra está causando consequências profundas para o mundo inteiro. Talvez não seja visto assim por todas as pessoas, mas para nós, europeus, é uma ameaça existencial”, disse Borrell.
Além disso, a UE reafirmou o compromisso de Bruxelas com a adesão da Ucrânia no bloco. A reunião desta segunda-feira, 2, portanto ocorre “dentro das futuras fronteiras da União Europeia”, disse o alto representante do grupo.
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Recentemente, Kiev tem demonstrado preocupação com alguns reveses no cenário internacional. A câmara dos deputados dos Estados Unidos, cuja maioria é de políticos republicanos, tem pressionado a administração do democrata Joe Biden e ameaça não aprovar o orçamento para o próximo ano, o que poderia colocar em risco o apoio financeiro à Ucrânia. No último domingo, 01, o presidente disse que estava “farto e cansado” dessa política e que os repasses à Ucrânia não poderiam ser interrompidos “sob nenhuma circunstância”.
“Não sentimos que o apoio dos EUA tenha sido destruído… porque os Estados Unidos entendem que o que está em jogo na Ucrânia é muito maior do que apenas a Ucrânia, tem a ver com a estabilidade e previsibilidade do mundo. E, portanto, acredito que seremos capazes de encontrar as soluções necessárias”, Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
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Em Kiev, as autoridades estão divididas entre aqueles que pensam que o apoio bipartidário dos EUA à Ucrânia pode ser restaurado e aqueles que temem que os republicanos vão desligar a ajuda totalmente. Fontes dizem que a reunião deve se concentrar em todos os aspectos do “apoio da UE à Ucrânia, com particular enfoque na assistência militar contínua, nos esforços de paz e na adesão à UE”.
O plano de paz de dez pontos de Zelensky também vai ser incluído na discussão. A proposta exige que as fronteiras da Ucrânia de 1991 sejam totalmente restauradas e que as tropas russas voltem para casa. Como se tratava de uma reunião informal, os ministros da UE vão “considerar um debate político de alto nível” sobre os próximos passos no apoio à Ucrânia, em vez de “conclusões e decisões concretas”.
No leste europeu, a situação também preocupa. Recentemente, um partido populista pró-Rússia obteve o maior número de votos nas eleições na Eslováquia no último sábado, 29.