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O que acontecerá após a saída dos EUA do Acordo de Paris?

No pior dos casos, a retirada do acordo desencorajará as nações em desenvolvimento a tomarem medidas adicionais para limitar suas emissões

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jun 2017, 19h00 - Publicado em 1 jun 2017, 18h58
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  • O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira a retirada dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris. A decisão promete gerar uma grande repercussão internacional e pode impactar diretamente as políticas de redução de emissão de gazes de países em desenvolvimento.

    Entenda o que é o Acordo de Paris e quais podem ser as consequências da decisão de Trump para o cenário internacional e o futuro das mudanças climáticas globais.

    O que é o Acordo de Paris?

    O Acordo de Paris foi um tratado alcançado entre 195 países do mundo para reduzir gradualmente as emissões que causam a mudança climática. O objetivo é prevenir um aumento maior do que 2 graus célsius na temperatura média global, que poderia aumentar o nível dos oceanos, provocar grandes secas e causar tempestades perigosas.

    O esquema foi negociado em 2015 durante a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e passou a valer em novembro de 2016. A convenção e as discussões sobre o tema foram estimuladas pelo consenso geral da comunidade científica mundial de que o aumento das temperaturas globais nas últimas décadas foi causado por atividade humana.

    Com o que os Estados Unidos haviam se comprometido?

    O acordo exige que os países façam promessas voluntárias para reduzir as emissões nacionais e forneçam atualizações periódicas sobre seu progresso. O ex-presidente Barack Obama se comprometeu a reduzir entre 26% e 28% o nível das emissões americanas de 2005 até 2025. Essa meta não é fixa e o objetivo é aumentá-la ao longo dos anos.

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    O trato também demanda que os países desenvolvidos, cujas economias historicamente contribuíram para as emissões, ajudem a financiar a transição dos países em desenvolvimento para formas de energia mais limpas. O plano é arrecadar 100 bilhões de dólares por ano com doações públicas e privadas.

    Obama transferiu 1 bilhão de dólares, de um total de 3 bilhões com os quais havia se comprometido, para o Fundo das Nações Unidas para o Clima antes de deixar o cargo.

    O que Trump rejeita no acordo?

    Trump não aceita a ideia de que as emissões estão causando mudanças climáticas significativas e acredita que os cientistas e especialistas estão difundindo teorias da conspiração. Em sua campanha eleitoral, afirmou várias vezes que a mudança climática foi inventada pela China. Mais tarde disse que as afirmações não passavam de uma piada, mas reiterou que não crê que os chineses irão cumprir sua parte no acordo ou estejam sequer tentando reduzir seu consumo de combustíveis fósseis.

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    De forma geral, o republicano é bem cético em relação a pactos e organizações internacionais, por isso sempre tende a desacreditar de suas políticas e dizer que os Estados Unidos não se beneficiam diretamente dos seus resultados. Em especial, acredita que os gastos com o Acordo de Paris propostos pela antiga administração são absurdos e podem levar a uma redução no crescimento econômico sem nenhum benefício aparente.

    Trump nomeou outro cético para dirigir a Agência de Proteção Ambiental, Scott Pruitt, e também está revogando o Plano de Energia Limpa criado pela administração Obama para reduzir as emissões das usinas de carvão.

    O que acontecerá agora?

    O acordo não vai acabar da noite para o dia. Tecnicamente, Trump não pode abandonar o tratado até 2019. No entanto, é possível que ele consiga acelerar o processo e suspender as regulamentações internas já aprovadas pelo Senado americano. Ainda assim, já existem rumores de que a China e a União Europeia estão dispostas a se comprometer publicamente com o tratado mesmo sem os Estados Unidos.

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    Muitos especialistas acreditam que mesmo fora do acordo, os americanos podem alcançar bons resultados em reduções de emissões e mudança de políticas climáticas. A economia americana  já não é dependente de fontes de energia poluentes como o carbono e o carvão e está migrando cada vez mais para o gás natural e a energia renovável. As ações de Trump podem não ser suficientes para alterar essa tendência.

    Contudo, defensores do acordo acreditam que a saída dos Estados Unidos prejudicará seu relacionamento com aliados próximos, que podem acabar cedendo eventualmente à influência econômica da China.

    No pior dos casos, a retirada do acordo desencorajará as nações em desenvolvimento, que se espelham nos americanos, a tomarem medidas adicionais para limitar suas emissões. Além disso, o fim da contribuição americana com o Fundo das Nações Unidas para o Clima pode prejudicar o orçamento geral do órgão e, consequentemente, os esforços que buscam impedir os perigosos aumentos de temperatura.

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