Uma grande rede de ramen está oferecendo macarrão grátis para jovens antes das eleições do próximo domingo, 10, para a Câmara Alta, instância do parlamento do Japão. A medida é uma estratégia para incentivar a participação dos mais novos nos pleitos, em meio à preocupação generalizada com a abstenção do grupo etário nas urnas.
+ Japão: 37 milhões de pessoas devem apagar as luzes contra crise energética
+ Tribunal no Japão sustenta que proibição de casamento gay é legítima
Segundo o jornal japonês Mainichi Shimbun, a Ippudo, que opera 50 lojas de ramen em todo o país, anunciou que irá distribuir gratuitamente porções do macarrão típico a pessoas que apresentarem um comprovante de votação para a Câmara Alta. A oferta começará a valer a partir do dia da eleição e se estenderá por 15 dias.
A estratégia busca atrair a população da faixa dos 18 aos 20 anos à urnas. Um porta-voz da empresa disse ao Mainichi Shimbun que espera que a ação “crie um incentivo para as pessoas votarem, mesmo que isso não se torne um hábito para elas”.
+ As estratégias dos candidatos pelo voto jovem – que pode decidir a eleição no Brasil
+ Por que os jovens brasileiros ainda relutam em tirar o título de eleitor
A participação entre os eleitores mais jovens é consistentemente baixa, permanecendo abaixo de 50% nas últimas três décadas, segundo dados do Ministério da Administração Interna do país.
Em outubro passado, apenas 36% das pessoas na faixa etária dos 20 anos votaram nas eleições para os representantes da Câmara Baixa, tornando-os o grupo menos engajado politicamente.
O principal motivo da alta taxa de abstenção é a insatisfação dos japoneses mais jovens com a falta de propostas voltadas para sua geração e a baixa representatividade dos mais jovens no parlamento. Segundo especialistas, os candidatos a cargos políticos priorizam pautas dos idosos, que são maioria entre os eleitores.
“Os políticos veem os idosos, cuja participação é alta, como alvos importantes dos quais podem ganhar votos”, analisa Hiroshi Yoshida, professor de economia do envelhecimento da Universidade de Tohoku, no Japão.
Segundo o economista, o desengajamento dos jovens eleitores está prejudicando seu próprio futuro financeiro. Após analisar 40 anos de dados eleitorais, Yoshida concluiu que é mais provável que o governo aumente impostos e a carga de dívida futura dos mais jovens, sempre que a participação deste grupo nos pleitos cai 1%.
Além disso, o valor das pensões para aposentados aumentam mais do que os benefícios para os mais jovens, como o subsídio de creche, nas mesmas circunstâncias.