O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, afirmou que já se sente como líder de um país independente, depois que mais de dois milhões de catalães votaram a favor de deixar a Espanha. “Eu já me sinto como o presidente de um país livre”, disse em entrevista ao jornal alemão Bild, que será publicada na íntegra na quinta-feira. O referendo, realizado no último domingo, é considerado ilegal por Madri e pela Justiça espanhola.
Puigdemont, que deve fazer um pronunciamento ainda nesta quarta-feira, disse também, em comentários publicados pela BBC, que a que Catalunha pode anunciar a separação da Espanha já no fim de semana. “Devemos declarar independência 48 horas depois que todos os resultados oficiais forem contados”, disse. “Isso provavelmente terminará assim que recebermos todos os votos do exterior, no fim de semana, e por isso provavelmente agiremos durante o fim de semana ou no começo da próxima semana”.
A Espanha estremeceu com o referendo catalão e com a reação da polícia espanhola, que usou cassetetes e balas de borracha para impedir as pessoas de votar. Centenas ficaram feridas, gerando cenas que provocaram repúdio em todo o mundo. As declarações de Puigdemont deixam o país europeu mais próximo de uma ruptura que ameaça as fundações de sua democracia.
Na terça-feira, o rei espanhol Felipe VI acusou os líderes separatistas de destruírem os princípios democráticos e de dividirem a sociedade catalã. A crise constitucional abalou também o euro e as ações e títulos espanhóis, e a SEAT, unidade da Volkswagen na Espanha, relatou uma interrupção em suas atividades na terça-feira em razão de protestos. O Caixabank, da Catalunha, e o ministro da Economia espanhol procuraram tranquilizar os clientes dos bancos garantindo que seus depósitos estão seguros.
“É hora de conversar”
O Executivo da União Europeia (UE) pediu novamente nesta quarta-feira que as autoridades do governo central espanhol e catalão iniciem um diálogo para resolver o impasse sobre a independência da Catalunha, depois de incidentes de violência no fim de semana. “É hora de conversar”, disse o primeiro-vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, ao Parlamento Europeu na abertura de um debate no Legislativo da UE sobre a situação.
(com Reuters)