A primeira-ministra da Inglaterra, Theresa May, pode perder o controle do Parlamento na eleição de 8 de junho, de acordo com uma projeção do instituto de pesquisa YouGov, o que cria a perspectiva de um impasse político antes do início das conversas sobre o Brexit.
Em forte contraste com pesquisas de opinião que até a semana passada mostravam May a caminho de uma grande vitória na eleição antecipada que ela mesma convocou, a pesquisa do YouGov, divulgada nesta quarta-feira pelo jornal local The Times, leva a crer que a premiê irá perder 20 cadeiras e sua maioria no Parlamento.
Se o modelo do YouGov se mostrar preciso, May pode ficar muito aquém dos 326 assentos necessários para formar um governo de coalizão em junho, quando as negociações formais do Brexit devem começar.
O estudo foi realizado com base em 50 mil entrevistas feitas ao longo de uma semana e mostrou que May deve conquistar 310 dos 650 assentos da casa, menos do que os 331 obtidos por seu antecessor, David Cameron, em 2015.
O Partido Trabalhista, de oposição, pode conseguir 257 assentos – em 2015 foram 232. Partidos menores, como o Partido Nacional Escocês e siglas da Irlanda do Norte, podem obter 83 cadeiras, informou o jornal local The Times, citando o YouGov.
May convocou a eleição antecipada com o objetivo de fortalecer sua posição nas negociações da desfiliação da Inglaterra da União Europeia –o chamado Brexit–, obter mais tempo para lidar com o impacto da separação e aumentar seu controle sobre o Partido Conservador.
Mas se ela não superar com folga a maioria de 12 cadeiras conquistada por Cameron dois anos atrás, a aposta eleitoral terá fracassado e sua autoridade pode ser minada no momento em que tenta honrar sua promessa ao eleitorado de sucesso no Brexit.
Quando May surpreendeu os políticos e os mercados financeiros em 18 de maio anunciando a antecipação da eleição, as pesquisas de opinião indicavam que ela poderia repetir a vantagem de 144 cadeiras sobre a oposição conquistada por Margaret Thatcher em 1983 e até ameaçar as 179 cadeiras do trabalhista Tony Blair em 1997.
Mas as sondagens mostraram que a vantagem da premiê diminuiu ao longo do último mês e sofreu uma queda acentuada depois de ela anunciar planos de cobrar mais dos idosos pela assistência social que recebem.
Um total de sete pesquisas realizadas desde o ataque a bomba de 22 de maio em Manchester mostrou a dianteira de May sobre os trabalhistas encolhendo, e algumas indicaram que ela pode não obter a vitória arrasadora prevista só um mês atrás.
(com Reuters)