Um grupo de militares do chamado Forte Paramacay, no estado de Carabobo, na Venezuela, promoveu um levante neste domingo contra o governo de Nicolás Maduro. Os militares acabaram rendidos por outros membros das Forças Armadas, de acordo com Diosdado Cabello, integrante da Assembleia Nacional e homem forte do governo chavista.
Em um vídeo divulgado na internet, um grupo de aproximadamente 20 homens usando uniformes militares e armados acompanharam um porta-voz identificado como capitão Juan Caguaripano.
“Nos declaramos em legítima rebeldia, nos unimos hoje mais que nunca com o bravo povo da Venezuela para reconhecer a tirania assassina de Nicolás Maduro[…] Como militares institucionais, reconhecemos e respeitamos a Assembleia Nacional (parlamento do país, cuja maioria é opositora ao governo Maduro) e exigimos que ela reconheça e respeite a vontade de um povo de se livrar da tirania”, disse Caguaripano.
O militar alegou estar acompanhado de oficiais, tropas da ativa e da reserva de todos os componentes das Forças Armadas, assim como policiais.
Um dos integrante da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse em sua rede social que o levante foi controlado. “De madrugada, agressores terroristas entraram ao Forte Paramacay, em Valência, atentando contra nossa FANB (Força Armada Nacional Bolivariana). Vários terroristas detidos”, escreveu Cabello em sua conta no Twitter.
Os protestos contra a constituinte venezuelana já deixaram mais de 125 mortos e 4.500 o número de detenções, de acordo com a ONG Foro Penal.
Crimes políticos
A Assembleia Constituinte da Venezuela (ANC) suspendeu a instalação da chamada “Comissão da Verdade” que visa punir pessoas que supostamente cometeram fatos violentos nas manifestações contra o governo. A decisão foi emitida após a rebelião dos militares do Forte Paramacay.
“Não se trata de perseguir pessoas, e sim o delito que elas praticaram […] A direita substituiu a ação política pela ação criminal. Nunca vimos a direita condenando quando alguém era linchado ou queimado vivo por ser chavista”, disse, em defesa da comissão, a ex-ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, atual presidente da Assembleia Nacional Constituinte e da Comissão de Justiça do país, em uma recente entrevista à agência AFP.
A decisão de criar a Comissão da verdade foi tomada poucas horas depois que o líder da oposição, Leopoldo López, retornou à prisão domiciliar após passar quatro dias em uma penitenciária militar. López foi condenado a quase 14 anos de prisão por incitação à violência nos protestos de 2014, que deixaram 43 mortos.
Procuradora-geral
No último sábado, 5, o governo venezuelano destituiu e ameaçou processar a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, após ela ter dito que as últimas eleições que ocorreram no país eram fraudulentas, além de ter denunciado os abusos das forças de segurança.
“Desconheço as decisões e não as assumo porque estão à margem da Constituição e da lei”, disse Ortega ao justificar que não acatará a decisão do governo.
Ortega enfrentará um julgamento por supostas irregularidades em sua gestão. Ela teve seus bens congelados e foi proibida de deixar o país. Tarek William Saab assumiu o cargo de procurador-geral.
(Com agência AFP e EFE)