Europa privilegiará acordo com países que respeitam as mulheres
O Parlamento da União Europeia pediu a inclusão de cláusulas de gênero nas parcerias, para que só sejam aceitas nações que prezam pela dignidade feminina
O plenário do Parlamento Europeu (PE) reivindicou, nesta terça-feira, que os acordos comerciais incorporem cláusulas de perspectiva de gênero para que a União Europeia (UE) não se associe a países que não respeitam a dignidade da mulher.
Atualmente, já existe uma resolução com a curadora europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, para a exigência de cláusulas de respeito às mulheres no acordo com o Chile, mas os eurodeputados querem que essa prática seja ampliada e faça parte dos próximos compromissos como os da UE com o México e com os países do Mercosul.
O texto aprovado hoje pelo parlamento, sem caráter vinculativo, pede que a UE fomente o espírito empresarial feminino nos países em desenvolvimento, com foco principalmente naqueles onde as mulheres enfrentam mais limitações do que os homens no acesso ao crédito, à infraestrutura e aos ativos produtivos. A iniciativa pede que as mulheres se beneficiem também dos acordos e não se limitem a fazer parte como mão de obra barata.
Os eurodeputados lembraram, por exemplo, a falta de proporcionalidade entre o número de mulheres nos setores de exportação agrícola ou que são proprietárias de terra. Também foram reivindicadas avaliações de impacto dos acordos comerciais da UE no empoderamento da mulher e a igualdade de gênero e participação de mulheres e pessoas especialistas em igualdade em todas as fases de negociação dos acordos comerciais.
“O comércio internacional deve contribuir muito mais ao empoderamento das mulheres e na luta contra a feminização da pobreza”, disse no debate anterior ao voto a eurodeputada Inmaculada Rodríguez-Piñero.
Ela afirmou que a UE deve abandonar a visão “cega” de considerar que a política comercial é neutra e garantir a inclusão da perspectiva de gênero em todas as negociações.
“Somos a metade da população, mas representamos mais de 70% das pessoas mais pobres do mundo”, argumentou.