Os chefes de Estado de nove países membros da União Europeia (UE) publicaram, nesta quarta-feira, 25, uma carta exigindo que o Conselho Europeu tome ações mais duras para combater o coronavírus tanto na área da saúde quanto na economia.
“Precisamos reconhecer a gravidade da situação e a necessidade de medidas mais ambiciosas para sustentar nossas economias”, diz a carta, dirigida ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. O texto exige que “o orçamento da União Europeia” incorpore mais dinheiro para combater o coronavírus.
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Clique e Assine“Se queremos que a Europa cumpra amanhã as aspirações para as quais foi criada, devemos agir hoje”, completa. Nove países assinaram a carta: Espanha, França, Itália, Portugal, Bélgica, Irlanda, Luxemburgo, Eslovênia e Grécia, que somam mais de 200 milhões de pessoas em população.
Entre os pedidos destas nações estão bônus para compartilhar as dívidas entre todos os membros (carinhosamente apelidados de “coronabônus”), garantias do Banco Europeu de Investimento (BEI), um seguro para aliviar o ônus do seguro-desemprego e, sobretudo, as linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), recurso criado para proteger países do bloco de endividamentos e abalos no Euro.
A ativação do mecanismo liberaria 410.000 milhões de euros, que complementariam o fundo de 750.000 milhões de euros do Banco Central Europeu (BCE).
Na terça-feira 24, os ministros das Finanças de alguns países da União Europeia – grupo informal apelidado “Eurogrupo” – reuniram-se para discutir a ativação do MEE. Contudo, só conseguiram chegar a um “amplo consenso” sobre um possível acionamento do recurso.
A proposta inicial era ativar linhas de crédito sob condições muito brandas, vinculadas apenas a gastos para diminuir o impacto do coronavírus. Mas a Holanda vetou o uso do mecanismo anticrise sem condições, e exige que reformas estruturais – como cortes de gastos e medidas de austeridade – sejam aplicadas em troca do dinheiro do MEE.
Segundo o jornal espanhol El País, o bloqueio do Eurogrupo pode reacender o conflito entre os países do norte e do sul do grupo econômico – ou seja, entre credores e devedores, respectivamente –, surgido durante a crise do euro em 2008.
Por enquanto, o norte ainda apresenta menos casos do novo coronavírus e, portanto, tem menos pressão da opinião pública. No sul, o cenário é grave. Itália e Espanha, por exemplo, já ultrapassaram a China em números absolutos de mortes, com 6.820 e 3.434, respectivamente.
A União Europeia fará uma cúpula nesta quinta-feira, 26, para dar continuidade às negociações sobre os planos econômicos para o coronavírus.