A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta terça-feira, 17, a nova equipe que administrará o braço executivo da União Europeia (UE) pelos próximos cinco anos. A dança das cadeiras acontece após intensas negociações, acompanhadas de más notícias para o presidente da França, Emmanuel Macron, que perdeu seu indicado para o cargo de comissário de mercado interno nesta semana. A posse será realizada até o final deste ano.
No mandato 2024-2029, segundo von der Leyen, a Comissão terá como foco desafios à segurança — reflexo da preocupação com a guerra na Ucrânia e a proximidade com a fronteira de países da UE —, aumento da competitividade do bloco e a fomentação do crescimento da região. O combate à mudança climática e preocupações ambientais também estão no centro dos holofotes do executivo europeu.
“Juntos, definimos prioridades principais. Elas são construídas em torno de prosperidade, segurança, democracia. O pano de fundo é: competitividade na transição dupla, e elas são muito interligadas e transversais”, disse a líder da Comissão Europeia em coletiva de imprensa. “Toda a Comissão Europeia está comprometida com a competitividade.”
Além disso, Von der Leyen tratou sobre a busca pelo “equilíbrio em geral”, incluindo na equidade de gênero nas nomeações para a Comissão. Ela informou que, a partir das novas indicações, 11 mulheres passam a participar do Colégio. Ou seja, sua gestão foi capaz de “melhorar o equilíbrio para 40% de mulheres e 60% de homens”, antes de “cerca de 22% de mulheres e 78% de homens”.
“E isso mostra que – por mais que tenhamos alcançado – ainda há muito mais trabalho a ser feito. E com isso em mente, designei seis vice-presidentes executivos”, acrescentou ela.
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Saída do francês e críticas à Itália
O francês Thierry Breton apresentou sua renúncia com efeito imediato do cargo de comissário de mercado interno da União Europeia nesta segunda-feira, 16, acusando von der Leyen de “governança questionável”. Ele havia sido nomeado recentemente por Macron, para um segundo mandato supervisionando as políticas industriais e do mercado único europeu. No entanto, afirmou em publicação nas redes sociais que von der Leyen havia pedido que o Palácio do Eliseu voltasse atrás na decisão.
Segundo Breton, os motivos por trás da movimentação da chefe da UE são “pessoais” e não foram discutidos diretamente com ele. “À luz desses desenvolvimentos recentes — mais um caso de governança questionável — tenho que concluir que não posso mais exercer minhas funções”, declarou.
O anúncio intensifica a desordem da nomeação da equipe de von der Leyen, que estava atrasada. Buscando mais equilíbrio em termos de gênero no gabinete, a chefe da Comissão Europeia desencadeou uma briga política na Eslovênia ao pressionar o governo a retirar a candidatura de um homem.
A escolha do italiano Raffaele Fitto também causou burburinhos, em uma semana particularmente agitada. O cargo foi reflexo do reconhecimento ao avanço dos partidos de extrema direita nas eleições parlamentares de junho. Ele pertence ao partido pós-fascista Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, gerando críticas da esquerda. Em resposta ao anúncio, a premiê afirmou que a nomeação de Fitto “confirma o novo papel central da nossa nação na UE”.
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Conheça a equipe
- Teresa Ribera Rodríguez (Espanha): Vice-presidente Executivo para Transição Limpa, Justa e Competitiva
- Hena Virkkunen (Finlândia): Vice-presidente Executivo para Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia
- Stéphane Séjourné (França): Vice-presidente Executivo para Prosperidade e Estratégia Industrial
- Kaja Kallas (Estônia): Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia
- Roxana Menzatu (Romênia): Vice-Presidente Executivo para Pessoas, Habilidades e Preparação
- Rafael Fitto (Itália): Vice-presidente executivo para a Coesão e Reformas
- Maroš Šefčovič (Eslováquia): Comissário para o Comércio e Segurança Económica; Relações Interinstitucionais e Transparência
- Valdis Dombrovskis (Letônia): Comissário para a Economia e Produtividade; Implementação e Simplificação
- Dubravka Šuica (Croácia): Comissária para o Mediterrâneo
- Olivér Várhelyi (Hungria): Comissário para a Saúde e Bem-Estar Animal
- Wopke Hoekstra (Países Baixos): Comissário para o Clima, Emissões Líquidas Zero e Crescimento Limpo
- Andrius Kubilius (Lituânia): Comissário para a Defesa e o Espaço
- Marta Kos (Eslovênia): Comissária para o Alargamento (pendente nomeação formal)
- Jozef Síkela (República Tcheca): Comissário para Parcerias Internacionais
- Costas Kadis (Chipre): Comissário para as Pescas e Oceanos
- Maria Luís Albuquerque (Portugal): Comissária para os Serviços Financeiros e a União de Poupanças e Investimentos
- Hadja Lahbib (Bélgica): Comissária para a Preparação e Gestão de Crises; Igualdade
- Magnus Brunner (Áustria): Comissário para os Assuntos Internos e Migração
- Jéssica Roswall (Suécia): Comissária para o Ambiente, Resiliência da Água e Economia Circular Competitiva
- Piotr Serafin (Polônia): Comissário para o Orçamento, Luta Antifraude e Administração Pública
- E Jorgensen (Dinamarca): Comissário para a Energia e Habitação
- Ekaterina Zaharieva (Bulgária): Comissária para Startups, Pesquisa e Inovação
- Michael McGrath (Irlanda): Comissário para a Democracia, Justiça e Estado de Direito
- Apostolos Tzitzikostas (Grécia): Comissário para os Transportes e Turismo Sustentáveis
- Cristóvão Hansen (Luxemburgo): Comissário para a Agricultura e Alimentação
- Glenn Micallef (Malta): Comissário para a Justiça Intergeracional, Juventude, Cultura e Esporte