O autor do artigo 50 do Tratado de Lisboa, cláusula que permite que países deixem a União Europeia (UE), pediu que o Brexit seja interrompido e advertiu que “consequências desastrosas” podem surgir se a Inglaterra deixar o bloco. O ex-diplomata Lord Kerr, que foi representante do Reino Unido na UE por cinco anos, disse que quando escreveu o artigo imaginava que a opção só seria desejada por um regime ditatorial.
Para Kerr, a reputação internacional do Reino Unido foi manchada desde a votação pela saída do bloco. O ex-diplomata é uma das 60 figuras seniores do mundo da política, dos negócios, da academia e das artes da Escócia que escreveram uma carta ao governo com o objetivo de pressioná-lo a revogar legalmente sua decisão de utilizar a cláusula de saída.
A carta publicada pelo jornal The Herald, alerta sobre os riscos do Brexit, entre eles, a “queda dos padrões de vida, aumento da inflação, redução do crescimento e menor produtividade”, além do prejuízo a reputação internacional do país. O documento pede que o Brexit seja debatido nacionalmente e faz um apelo aos cidadãos e políticos para que revejam sua decisão.
Entre as grandes figuras que assinaram o documento estão o ex-secretário-geral da Otan, Lord Robertson, o ex-primeiro ministro da Escócia, Henry McLeish, e o ex-líder liberal Democrata Lord Menzies Campbell.
O porta-voz do Departamento de saída da União Europeia respondeu à carta e afirmou que “em um dos maiores exercícios de democracia da história da Inglaterra, o povo britânico votou por deixar a União Europeia. O governo está empenhado em entregar o que foi pedido e construir uma nova parceria profunda e especial com os aliados e vizinhos Europeus mais próximos”.