A tradição sempre mandou pistas de atletismo tingidas de ocre, em diferentes tons. Na Olimpíada do Rio de Janeiro, no Engenhão, em 2016, era azul – e foi uma surpresa. As raias ao redor do gramado do Stade de France, em Paris, são roxas. Violetas, dirão alguns, para combinar com a origem da ideia: os campos de lavanda do sul da França, na região da Provence. Os responsáveis pelo design olímpico quiseram, em primeiríssimo lugar, uma cor que fosse diferente de tudo o que se fez até hoje, afeita a chamar a atenção das câmeras de televisão e das lentes dos fotógrafos. Um dia, lá na frente, quando virmos as imagens deste verão parisiense no atletismo será fácil lembrar: “ah, os Jogos de roxo”.
Não foi fácil chegar ao tom certo. Diz Camille Yvinec, diretora da identidade de marca para a Olimpíada de Paris: “Começamos com uma paleta de cores sofisticada, que não remetesse diretamente aos anéis olímpicos”. Do ponto de vista de marketing, funcionará. Grandes marcas de calçados esportivos lançaram modelos de laranja vivíssimo e amarelo que contrastam com o piso. O fundista Joshua Cheptegei, de Uganda, ouro dos 10 000 metros, planava em pisantes fluorescentes a compor imagem delicada como a de um quadro de Camille Pissaro.
Os atletas gostaram. “Irradia luz”, diz Thea LaFond, de Dominica, ilhota-nação do Caribe, finalista do salto triplo. “Uma pista violeta, uau!”.