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Cursos livres a distância ensinam de gastronomia à ressuscitação manual

Arquitetura, beleza, alimentação, hotelaria, gestão e saúde são algumas das áreas nas quais é possível estudar online em instituições conceituadas

Por Mariana Lajolo
Atualizado em 20 jul 2018, 08h20 - Publicado em 20 jul 2018, 06h00
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  • Sentado em casa, em frente a um computador e com acesso à internet qualquer pessoa pode se aventurar a aprender como fazer penteados e maquiagem, tosar cachorros, construir móveis, aplicar massagem, cuidar de idosos, cozinhar, manejar um apiário, entre outras muitas opções ofertadas online.

    Os chamados cursos livres acompanham o crescimento vertiginoso da educação superior a distância no Brasil. Em 2010, havia 7 500 ofertas dessa modalidade no Brasil. Em 2015, o número chegou a cerca de 12 500. No mesmo período, a quantidade de matrículas saltou de 755 000 para quase 4 milhões.

    Diferentemente da formação em graduação e pós, os cursos livres não são regulamentados pelo MEC. Para se certificar de que está fazendo uma boa escolha, os alunos precisam pesquisar a reputação da instituição e falar com quem já passou por aquela experiência. Existem dezenas de sites na internet com ofertas de cursos, muitos até gratuitos — alguns cobram pela emissão do certificado.

    “Quem regula é o mercado”, diz Carlos Longo, diretor da Associação Brasileira de Educação à Distância (Abed) e pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo. “Na hora de escolher o curso, é preciso ter discernimento pessoal. Por exemplo, posso até entender online toda a lógica por trás de um corte de cabelo, qual a melhor tesoura, quais tipos de corte ficam melhor em cada tipo de rosto, mas só conseguirei desenvolver a habilidade de cortar com a prática. Há muitas instituições conceituadas oferecendo bons cursos”, completa.

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    O Senac, por exemplo, tem formações totalmente online em 15 áreas, como arquitetura, beleza, gastronomia, hotelaria, gestão, idioma e tecnologia da informação, entre outras. O material didático é disponibilizado por meio de recursos multimídia, como podcasts, vídeos, vídeo-aulas, animações, e-books e webconferências.

    “Para montar os cursos levamos em conta as necessidade do mercado e avaliamos se há demanda por EAD. Os conteúdos são definidos por especialistas em cada área. Usando a tecnologia, tentamos ao máximo criar atividades em que o aluno se aproxime de sua prática profissional”, diz Anderson Malgueiro, gestor de cursos livres do Senac EAD.

    Os valores das mensalidades de cursos livres são variados: há ofertas gratuitas e outras que saem por mais de 1 000 reais.

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    O perfil de quem procura esse tipo de formação também é tão eclético quanto as opções de estudos. Há quem busque continuidade, aperfeiçoamento e qualificação profissional. Existem também as pessoas que estudam por curiosidade ou por estarem em busca de uma nova atividade. O Senac recebe um maior número de alunos com de 30 a 45 anos. Mas há estudantes de todas as faixas etárias, de adolescentes a idosos.

    Kazumi Yamamoto, 63 anos, é um deles. Essa japonesa que chegou ao Brasil aos 15 anos e mora em Castro, no interior do Paraná, descobriu os cursos livres em 2008, quando os três filhos saíram de casa para estudar.

    “Não queria gastar meu tempo com futilidade. Como recebia muitas visitas e tinha que cozinhar, optei pelos cursos de gastronomia“, conta.

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    No início, ela se deslocava até Curitiba para estudar, mas logo descobriu a modalidade a distância. Venceu o pavor do computador e não parou mais.

    “Acho que já fiz todos os cursos que eles têm”, diz Yamamoto. “É maravilhoso poder estudar no conforto da minha casa. Os monitores eram muito atenciosos e respondiam todas as minhas dúvidas. Eu ficava de recuperação só para ganhar mais 15 dias para estudar”, conta ela, que destaca a aula sobre como fazer o bolo red velvet como uma das mais interessantes.

    No ano passado, ao completar 63 anos, Yamamoto sentiu vontade de usar todo aquele conhecimento para finalmente se tornar empresária. Formanda em administração de empresas com pós em gestão empresarial, nunca havia trabalhado, porque o marido não permitia. Conseguiu convencê-lo e começou a fazer bolos e tortas por encomenda. Está com a agenda cheia e já sonha contratar funcionários e continuar a estudar. “Quero ainda me aperfeiçoar mais”, diz.

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    Não são apenas instituições notadamente reconhecidas pela educação que utilizam e ofertam EAD. O Hospital Albert Einstein, por exemplo, que já possuía uma grade com graduação e pós, passou a investir cursos livres a distância para profissionais ligados à área da saúde.

    “Foram quase dois anos de trabalho para chegarmos ao melhor modelo, criarmos uma dinâmica interativa, com diferentes recursos, como artigos, vídeos, estudos de casos, entre outros. Vimos que era uma nova forma de disseminar melhor o conhecimento”, afirma Sandra Oyafuso Kina, gerente de ensino a distância e tecnologia educacional do Einstein.

    Os cursos, que já atingiram cerca de 12 000 alunos no Brasil e no exterior, têm duração de até 30 horas e avaliações rígidas — quem não atinge 70% de aproveitamento é reprovado. É possível estudar temas técnicos, como aleitamento materno e ressuscitação manual, além de aprender sobre gestão e administração.

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