A União Europeia alertou, nesta quinta-feira, 3, que vai retaliar os Estados Unidos pela decisão de impor tarifas a uma série de exportações do bloco, incluindo queijos e vinhos. Ontem, o governo americano anunciou que vai impor tarifas a produtos da UE após a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizá-lo a taxar, por um ano, até US$ 7,5 bilhões em exportações europeias devido a subsídios ilegais concedidos pelo bloco à fabricante de aviões Airbus.
A partir de 18 de novembro, os EUA devem aplicar tarifas de 10% sobre aviões da Airbus fabricados na Europa e 25% de impostos sobre vinho francês, uísques escocês e irlandês e queijo de todo o continente.
“Se os EUA impuserem contra-medidas, forçarão a UE para uma situação em que teremos de fazer o mesmo”, disse hoje o porta-voz da Comissão Europeia, Daniel Rosario, ecoando a perspectiva sombria expressada por vários governos da UE. “Esse é um gesto que irá afetar os consumidores e companhias dos EUA e tornará mais complicados esforços no sentido de um acordo negociado”, acrescentou.
A União Europeia espera que um caso similar envolvendo subsídios dos EUA para a Boeing acabe indo a seu favor. A expectativa é que a OMC anuncie um veredicto nos próximos meses. Enquanto isso, o regulador europeu anunciou uma investigação sobre o acordo da Boeing com a Embraer, para a criação de uma joint venture de aviação comercial. Devido a investigação, a nova empresa deve ficar par ao começo de 2020, anunciaram as companhias.
Mais taxas
Ainda nesta quinta-feira, a Comissão Europeia disse que começará a trabalhar em um imposto sobre empresas poluidoras estrangeiras, um movimento que pode atingir empresas americanas e aprofundar a guerra comercial com os Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo italiano Paolo Gentiloni, futuro comissário econômico e tributário da União Europeia
Em sua audiência de confirmação da nomeação perante os parlamentares da UE, ele também prometeu esforços fiscais “adequados” para combater a desaceleração econômica na Zona do Euro que, segundo ele, pode ser mais longa do que a esperada atualmente.
“Vamos tentar ser muito rápidos e eficazes em um imposto nas fronteiras de carbono”, disse Gentiloni, que assumirá o cargo em novembro.
Ele alertou sobre obstáculos legais e técnicos na elaboração da taxa, mas disse que o trabalho começará imediatamente para garantir que o imposto seja compatível com as regras da Organização Mundial do Comércio.
O imposto destina-se a proteger as empresas europeias dos concorrentes em países onde os esquemas de proteção climática não são tão rigorosos. O presidente dos EUA, Donald Trump, tirou seu país do acordo internacional de proteção climática de Paris que visa reduzir as emissões de carbono.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)