Preocupado com o tamanho que as manifestações de sexta-feira podem alcançar, o governo estuda cortar o ponto dos servidores federais que aderirem à greve geral contra as reformas convocada pelas centrais sindicas e monitora o movimento. Segundo a CUT, haverá greve em ao menos 26 Estados e protestos em mais de 20 capitais na sexta-feira contra as reformas da Previdência e trabalhista.
O Palácio do Planalto vem monitorando a situação, especialmente através das redes sociais, mas ainda não tem o cálculo da proporção que a greve pode tomar. Os sinais, no entanto, são de que pode ser maior do que o previsto, especialmente com a adesão dos serviços de transporte público.
O governo teme que um movimento com grande adesão termine por afetar a tramitação das reformas no Congresso. A trabalhista está programada para ser votada no plenário da Câmara nesta quarta-feira, e é o primeiro teste real da base do governo, mesmo exigindo apenas metade mais um dos deputados, 257 votos, e não os 308 exigidos para votação da reforma da Previdência.
O governo quer tentar aprovar todos os pontos da reforma trabalhista no máximo até quinta-feira, para evitar que os parlamentares possam ser influenciados pelo tamanho do movimento na sexta.
Já a reforma da Previdência não vai escapar da influência dos movimentos. O relatório será votado na comissão especial na próxima terça-feira e em seguida, em plenário.
O Planalto, de acordo com uma das fontes, ainda tenta negociar com as centrais sindicais que têm alguma relação com o governo para evitar a adesão de seus associados à greve geral.
No entanto, um dos principais aliados do governo nesta área, o deputado Paulinho da Força, ligado à Força Sindical, tem sido um dos maiores defensores do movimento e, nesta quarta, já ameaçou tirar seu partido, o Solidariedade, da base do governo se a reforma trabalhista passar como está.
Em outra frente, o governo estuda endurecer com os grevistas do serviço público, e o Ministério do Planejamento deve determinar a todos ministérios que cortem o ponto do servidores que faltarem ao trabalho na sexta-feira.
A alegação é que a decisão de cortar o ponto dos grevistas não é uma retaliação, mas “cumprir uma regra”. A mesma medida já foi anunciada pelo prefeito de São Paulo, João Dória.
Na terça-feira, uma primeira reunião no Planalto foi feita entre representantes da Casa Civil, do Gabinete de Segurança Institucional, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Nesta quarta, foi convocado um outro encontro com representantes de todos os ministérios.
A intenção é tentar levantar os possíveis focos de mobilização em cada área e que tamanho podem atingir. Um grupo de monitoramento foi criado para fazer relatórios ao presidente.
Na sexta-feira, a Esplanada dos Ministérios estará fechada. Nos últimos dias, a segurança na frente do Palácio do Planalto reforçada com mais grades que o normal, e a entrada para o estacionamento tem sido fechada com certa frequência. Temer deverá acompanhar as manifestações de Brasília.
(Com Reuters)